Soja: O alerta!!!


A soja é plantada predominantemente para alimentação de animais e produção de óleo. Seu principal uso é para a alimentação de aves, suínos e gado. Nos últimos 15 anos, a produção desse grão duplicou, em grande parte devido ao aumento do consumo global de carne, bem como seu uso em alimentos, biocombustíveis e outros produtos.
Cerca de dois terços da soja produzida no mundo é exportada, sendo a China e os Estados Unidos os maiores importadores. Estados Unidos também são o maior exportador mundial de soja em grão e de outros produtos. Enquanto isso, a sojicultura se expande sobre terras e florestas na América do Sul, principalmente no Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia.
E para atender a esse aumento da demanda, cada vez mais terras se destinam às plantações de soja. Só no Brasil, as plantações já têm área equivalente à do Reino Unido (Irlanda do Norte e Grã-Bretanha), ou 245 mil quilômetros quadrados. Tal expansão é feita, quase sempre, às custas da destruição de habitats naturais, como acontece no Cerrado, abrigo de 5% de toda a biodiversidade do planeta. A degradação do Cerrado ocorre em escala semelhante à da Amazônia, porém em ritmo mais acelerado.
Além disso, as emissões de dióxido de carbono oriundas da conversão do Cerrado (o governo brasileiro estima que elas equivalem à metade das emissões do Reino Unido em 2009) provavelmente já superam as emissões provocadas pelo desmatamento da Amazônia.
O Reino Unido importa mais de 70% da soja que consome, diretamente do Brasil e da Argentina. Por isso, produtores de alimentos, varejistas e consumidores têm a responsabilidade e a oportunidade de, ao comprar e consumir, diminuir a pressão sobre regiões como o Cerrado.
O WWF-Reino Unido faz um apelo para que os supermercados, produtores e agricultores adotem sistemas que tenham credibilidade, sustentabilidade e sejam baseados nos interesses da coletividade. Esse é o caso da Associação Internacional para a Soja Responsável ou RTRS (sigla em inglês para Round Table for Responsible Soy), que estabelece padrões ambientais e sociais para a produção de soja. A Rede WWF faz parte do grupo fundador da RTRS.
Essa associação estabelece critérios para a produção de soja, incluindo a proteção da biodiversidade e das florestas naturais, bem como de outras áreas importantes para a conservação ambiental. Além disso, estabelece critérios para respeitar as reivindicações de posse da terra e garantir condições de trabalho justo para a população local. Todos itens indispensáveis para qualquer país produzir e comercializar em mercados globais cada vez mais exigentes.
A coordenadora sênior de Políticas de Gado e de Soja do WWF-Reino Unido, a brasileira Isabella Vitalli, afirmou que : “Ao consumir o gado criado com soja, os consumidores do Reino Unido contribuem, involuntariamente, para a destruição de alguns dos habitats mais valiosos do mundo. A Rede WWF acredita que sistemas como o da RTRS podem ser uma forma eficaz de lidar com os problemas associados à expansão da soja e ajudar a preservar habitats únicos para as gerações futuras”.
“No entanto, a RTRS não é uma “bala de prata”. Há outras formas de reduzir o impacto da agricultura da soja em áreas como o Cerrado, como diminuir o consumo de carne, reduzir o desperdício e apoiar a adoção de uma legislação eficaz para proteger habitats valiosos”, ressaltou Vitalli.
Este ano já é possível adquirir soja com o selo RTRS e, portanto, o WWF do Reino Unido pede a adesão das empresas naquele país ao sistema. Com isso, ajudarão a criar uma demanda por soja certificada e a ampliar a iniciativa. No Reino Unido, já fazem parte da RTRS as empresas M&S, Waitrose, Asda e Unilever, além de produtores de insumos agrícolas, de ração animal e de biocombustíveis.
Para a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, estudos como esse demonstram que em uma economia globalizada há uma interdependência entre produção, consumo e impactos socioambientais. “Estimular a produção e o consumo responsáveis é um dever de todos, produtores, governos e consumidores. Hoje há um interpendência acentuada entre mercados, e é fundamental a valorização de produtos ambientalmente corretos”, afirmou.
Os consumidores do Reino Unido estão sendo mobilizados para apoiar a campanha pedindo a adesão de supermercados à RTRS.
Por que soja?
Cerca de 79% da soja no mundo é esmagada para fazer ração animal e 18% para produção de óleo de soja. A soja é extremamente rica em proteína, o que fortalece os animais. A demanda por carne tem aumentado a cada dia.
Por isso, a demanda por soja para alimentar o gado também. Além disso, o óleo de soja é o óleo vegetal mais consumido no mundo, tendo 25% do mercado global.

A área cultivada de soja na América do Sul cresceu mais que o dobro nos últimos 10 anos. A posição de maior exportador mundial da commodity é disputada acirradamente pelo Brasil, Estados Unidos e Argentina. Os maiores mercados são o europeu e o chinês.

Para lidar com esses problemas causados pela conversão de florestas em lavouras de soja, o WWF-Brasil trabalha nas seguintes frentes:
• Desenvolvimento de melhores práticas agrícolas por meio de pesquisas e parcerias.
• Apelo ao setor financeiro para que promova as boas práticas aplicando critérios rigorosos para financiamento.
• Engajamento de atores-chave da cadeia produtiva para que adotem e promovam melhores práticas.
• Influenciar o governo e os tomadores de decisão a apoiar as boas práticas agrícolas.
Alto custo para todos
A conversão de florestas para o uso da terra com elevados custos sociais e ambientais estão crescendo a cada dia com o desmatamento, queimadas e desrespeito aos interesses e direitos das comunidades locais.
As plantações de soja em larga escala geram impactos negativos na biodiversidade porque grandes áreas são convertidas para monoculturas visando a produção comercial.
Enquanto as monoculturas oferecem benefícios econômicos que não podem ser ignorados, seus resultados vêm predominantemente de desmatamentos e desaparecimentos da vegetação natural, o que resulta em perda de grande quantidade de habitats naturais para os animais silvestres.

Os defensivos agrícolas como pesticidas e herbicidas também matam os vestígios de biodiversidade capazes de coexistir com as plantações e diminuem sensivelmente as chances de recuperação dos habitats naturais.
As florestas e suas funções naturais são removidas das paisagens e então surgem problemas como erosão do solo e poluição da água com defensivos agrícolas usados nas plantações.
Impacto ambiental
A erosão do solo é um dos graves problemas causados pelo desmatamento intensivo para a abertura de novas áreas de plantio, principalmente para a soja.
Neste caso, as principais causas da erosão são o desmatamento de encostas e margens de rios, as queimadas e o uso inadequado de maquinários e implementos agrícolas, que aceleram o processo erosivo.
Segundo o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), cada hectare cultivado no país perde, em média, 25 toneladas de solo por hectare. Isso significa perda anual de cerca de um bilhão de toneladas ou cerca de um centímetro da camada superficial do solo de todo o País.
Aumenta quantidade de agrotóxicos
Nascentes e rios acabam sendo contaminados com pesticidas utilizados ña lavoura.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que 25% de todos os pesticidas usados no Brasil são utilizados nas plantações de soja. Segundo o Banco Mundial, em 2002, aproximadamente 50.000 toneladas de pesticidas foram usados nas lavouras do grão. Devido à rápida expansão da área de soja plantada, o uso de pesticidas vem crescendo a uma taxa de 21,7% ao ano.
No entanto, o uso de pesticidas está crescendo mais rápido que a área cultivada e o total geral das plantações de soja. Parte deste aumento pode ser explicado pela falta de geadas e desenvolvimento de pragas resistentes aos produtos atuais. Porém, devido ao uso abusivo, mas há outros fatores envolvidos.
A produção está expandindo em áreas com pouca mão de obra e os defensivos são usados para reduzir os custos desta mão de obra. As áreas de plantação de soja estão ficando maiores, isso faz o maquinário se tornar essencial e proporciona melhor custo-benefício. É preciso pesquisar mais todos os tipos de químicos usados para cultivar a soja tradicional e as geneticamente modificadas, assim como seus efeitos de longo prazo para o meio ambiente, seus impactos e o desenvolvimento em suas resistências. 
 
Fonte: Rede WWF e WWF Brasil - 30 de maio de 2011

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