PLÁSTICO: Perigo para os Oceanos
O homem produz e espalha muito
lixo e substâncias perigosas, nas cidades, campos, rios, oceanos, atmosfera e
até no espaço. E, um dos principais vilões, lançados irresponsavelmente no mar,
é o plástico. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei
12.305/2010),tem se preocupado em criar medidas de controle e de mitigação do
lixo gerado nos processos tecnológicos e no descarte do produto final com
intuito de evitar o desperdício como também, o acúmulo dos resíduos nos
ecossistemas.
Infelizmente o plástico, lançado
desordenadamente nos mares e oceanos, tanto por embarcações pesqueiras, como
pela população ribeirinha, turistas e navios mercantes, tem gerado impacto
através da quantidade de poluentes e aditivos depositados no mar, visto que o
plástico é como uma pequena esponja que absorve todas as toxinas presentes nos
produtos que antes estavam contidos nos frascos, como também absorve os
poluentes tóxicos despejados na água, como os PCBs, pesticidas e óleo de motor.
Logo, entendemos que criaturas
menores , como o zooplâncton (que são a base das cadeias alimentares
aquáticas), são consumidos por criaturas maiores, e as toxinas se concentram na
cadeia alimentar passando de níveis até chegar ao consumidor final , que na
maioria das vezes é o homem, representando um risco à saúde .
ILHA DE
PLÁSTICO NO PACÍFICO
Duas grandes ilhas de plástico
estão localizadas entre EUA – Ilha Ocidental (costa norte-americana) e Japão –
Ilha Oriental, sendo divididas pelo Havaí. Como se formam as ilhas de lixo? As
correntes marítimas formam grandes ilhas de lixo ao fazerem convergir para
certas zonas dos oceanos todos os detritos lançados no mar.
Mas, de onde vem o lixo? Dos 100
milhões de toneladas de plásticos produzidos todos os anos, 10% acaba no mar. Cerca
de 80% do lixo que chega aos oceanos é produzido em terra, apenas 20% é
produzido no mar.
Vale ressaltar que os diversos
produtos plásticos tem tempo para decomposição, tais como: a fralda descartável
que demora para se degradar em torno de 500 anos, a grade ou gradeado para
latas e garrafas leva em média 450 anos e as garrafas pets cerca de 400 anos
para se decomporem.
De acordo com o Programa
Ambiental das Nações Unidas, estima-se que a cada m² de água do oceano contém
46 mil pedaços de plástico flutuando.
Logo, o plástico destrói os
habitats das espécies costeiras, os animais marinhos emaranham-se nos
plásticos, comem e afogam-se, as praias ficam sujam dentre outros fatores
impactantes para a vida marinha e local. Quando ingerido por animais, o
plástico transfere os poluentes associadas e aditivos químicos para os tecidos
das espécies, existentes no local.
Biólogos marinhos têm alertado há
um tempo que o despejo de pequenos pedaços de plástico de polietileno no ralo
de nossas residências, gera prejuízos para o oceano. Pois a contaminação por
microplástico global avança cada dia mais em números alarmantes, e os
resultados indicam que grandes concentrações de microplástico e aditivos podem
prejudicar funções ecofisiológicos realizados pelos organismos.
MICROESFERAS
DE ESFOLIANTES
As microesferas de plástico são
conhecidas por causarem danos ambientais a grandes lagos e oceanos. Contudo, a
maioria dos consumidores nem tem ideia sobre isso. Consumimos vários produtos
que contém essa partícula de plástico todos os dias, eles estão presentes em
cosméticos, cremes esfoliantes e loções faciais (como esfoliante suave), pasta
dental, sabonetes líquidos, dentre outros produtos de beleza.
As microesferas são, tal como
nome, tão pequenas que medem cerca de 0,355 milímetros. O temor é que essas
bolinhas minúsculas de plástico têm o tamanho suficiente para peixes e outras
criaturas confundi-los com alimentos. Elas conseguem obstruir seus estômagos e
impedi-los de obterem uma nutrição adequada.
De acordo com Marcus Eriksen,
diretor de pesquisa do 5 Gyres Institute nos EUA, após vários anos estudando
microplásticos – pequenos pedaços de plástico do tamanho de uma unha – no ano
passado, para sua surpresa, descobriu pedaços muito pequenos de plástico –
cerca de um terço de um milímetro de diâmetro ou do tamanho de um grão de
areia.
Grandes fabricantes como a
Unilever, L’Oréal, P&G e Johnson & Johnson fizeram vários compromissos
voluntários para eliminar progressivamente as microesferas de polietileno (ou
polipropileno) de seus produtos como cosméticos, esfoliantes, cremes
hidratantes entre outros, até o ano de 2017.
Para se ter uma ideia do tamanho
do impacto gerado, há cerca de 330 mil microesferas de plástico, equivalente a
uma colher de sopa, em um tubo de esfoliante facial. Isso significa que para
cada três tubos de um esfoliante facial, você tem cerca de um milhão de
microesferas de plástico.
Cabe a nós consumidores,
preocupados com o meio ambiente, observar nos produtos de cuidados pessoais sua
composição e outras fontes de informações. O plástico não é o vilão sozinho,
temos que saber usá-lo, e depois reaproveitá-lo e /ou encaminhá-lo para
reciclagem, contribuindo com soluções ecológicas para o desenvolvimento
sustentável.
A remoção de qualquer produto que
gere poluição ao meio ambiente é importante, as microesferas são uma pequena
porcentagem comparados a outros contaminantes mais prejudiciais que são
lançados todos os dias nos nossos oceanos. Vale a pena o esforço concentrado e
em conjunto pela não contaminação marinha!
MAIS DE
95% DO LIXO NAS PRAIAS BRASILEIRAS É PLÁSTICO
Esta é uma das principais
conclusões de um trabalho de monitoramento realizado desde 2012, em 12 delas,
pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), em parceria
com o Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plastivida), uma associação que
reúne entidades e empresas do setor.
As pesquisas sobre a questão do
lixo no mar ainda são escassas e incipientes, tanto no Brasil como no exterior.
Mas, em termos mundiais, sabe-se que os resíduos sólidos nos oceanos possuem
diversas proveniências.
Estima-se que 80% deles tenham
origem terrestre. Entre as causas disso estão a gestão inadequada do lixo
urbano e as atividades econômicas (indústria, comércio e serviços), portuárias
e de turismo. A população também tem parte da responsabilidade pelo problema,
devido principalmente à destinação incorreta de seus resíduos que, muitas
vezes, são lançados deliberadamente na rua e nos rios, gerando a chamada
poluição difusa.
Os 20% restantes têm origem nos
próprios oceanos, gerados pelas atividades pesqueiras, mergulho recreativo,
pesca submarina e turismo, como os cruzeiros, por exemplo.
No ranking dos países mais
poluidores dos mares, o Brasil ocupa a 16ª posição, segundo um estudo realizado
por pesquisadores americanos e divulgado em 2015.
Eles estimaram a quantidade de
resíduos sólidos de origem terrestre que entram nos oceanos em países costeiros
de todo o mundo. Aqui, todos os anos são lançados nas praias entre 70 mil e 190
mil toneladas de materiais plásticos descartados.
Ainda de acordo com o mesmo
levantamento, a China, a Indonésia e as Filipinas são as nações que mais jogam
lixo nos oceanos, com até 3,5 milhões de toneladas de plásticos por ano. Esses
três países também aparecem nos primeiros lugares de outro estudo, realizado
pela ONG americana Ocean Conservancy. Ao lado da Tailândia e do Vietnã, são
responsáveis pelo descarte de 60% dos resíduos plásticos encontrados nos mares
do mundo.
RESULTADOS
O IO-USP e Plastivida realizaram
o levantamento no litoral brasileiro para conhecer em mais detalhes a situação
do Brasil. Ele foi feito em seis praias do Estado de São Paulo (Ubatumirim,
Boraceia, Itaguaré, do Uma, Jureia e Ilha Comprida), três da Bahia (Taquari,
Jauá e Imbassaí) e três de Alagoas (do Francês, Ipioca e do Toco). No total,
foram realizadas seis coletas, inicialmente com intervalos de seis meses e
depois de um ano.
“Dessas, as mais poluídas são
Boraceia e Itaguaré, Praia do Francês e Taquari”, conta o biólogo Alexander
Turra, do IO-USP, coordenador do trabalho.
Ele explica que as coletas foram
realizadas seguindo um protocolo estabelecido pelo programa das Nações Unidas
para o meio ambiente (ONU Meio Ambiente).
“Primeiro, nós limpamos uma área
de 500 metros da areia seca, onde a maré não alcança, e das dunas ou restinga, atrás
da praia”, diz. “Depois, voltamos ao local de seis em seis em seis meses para
recolher, identificar e quantificar o lixo nos 100 metros centrais dessa área.”
O monitoramento constatou que, em
São Paulo, o maior volume se acumula nas dunas ou restingas e é proveniente das
atividades de pesca. No Nordeste, o grosso do material é encontrado na areia
seca e vem do turismo.
A história que levou à assinatura
do convênio entre o IO-USP e a Plastivida começou em 2011, quando foi criado o
Compromisso de Honolulu, para discutir a questão de resíduos nos mares em nível
global.
Dirigido a governos, indústrias,
organizações não governamentais e demais interessados, o documento tem como
objetivo servir como instrumento de gestão para a redução da entrada de lixo nos
oceanos e praias, bem como retirar o que já existe.
Como consequência desse
documento, no mesmo ano, foi assinada a Declaração Global Conjunta da Indústria
dos Plásticos, da qual a Plastivida é signatária. Foi para implementar aqui
esse compromisso mundial que a associação, como uma das entidades
representantes da cadeia produtiva dos plásticos no país, e o IO-USP assinaram
o convênio em 2012. A meta é se capacitar e desenvolver estudos científicos
para embasar as discussões sobre o tema no Brasil.
Desde então, além do levantamento
do resíduos nas praias, a parceria resultou em vários outros trabalhos. “O
convênio é um arranjo inovador, que junta a universidade com a iniciativa
privada para resolver questões importantes para a sociedade”, diz Turra. “Ele
visa entender o problema, ver onde ele é mais crítico e verificar se as medidas
para combater o lixo no mar estão surtindo efeito.”
Além disso, foi criado o Fórum
Setorial dos Plásticos Online – Por Um Mar Limpo, para ampliar os debates sobre
os caminhos e as alternativas de mitigação para o problema dos resíduos nas
praias e nos oceanos.
Trata-se de uma plataforma
online, que reúne todas as informações e o conhecimento obtidos desde 2012,
além das propostas de educação ambiental, prevenção, coleta e reciclagem. Desse
Fórum resultou a Declaração de Intenções, um documento que estabelece os
compromissos da cadeia produtiva dos plásticos no Brasil sobre o tema.
COMBATENDO
O PROBLEMA
Os participantes do Fórum
pretendem pesquisar alternativas para que o setor industrial e a população
possam combater o lixo no mar.
“O Instituto Oceanográfico é um
moderador desse diálogo”, diz Turra. “Nós auxiliamos as empresas a canalizarem
as informações científicas corretas e a realizar as melhores ações concretas
possíveis.”
De acordo com ele, os principais
objetivos do IO-USP nesses projetos são a educação ambiental em relação ao
consumo consciente e à destinação correta do material descartado. A ideia é
que, bem informadas sobre o tema, as pessoas possam ajudar a manter os oceanos
e as praias limpas.
Segundo o presidente da
Plastivida, Miguel Bahiense, o conhecimento gerado durante os anos de
existência da parceria é de que se trata de um problema que só será resolvido
em conjunto pelos vários setores relacionados ao problema.
“Estamos realizando um trabalho
de educação, informação e coordenação de ações como campanhas de descarte
adequado, conscientização, entre outras, que vão demandar o envolvimento
compartilhado de toda a sociedade – poder público, indústria de diversos
setores, varejo e a população de forma geral -, para o mesmo fim, que é a
preservação dos oceanos e do meio ambiente”, diz.
“Todo o estudo reunido nos fez
entender que a questão do lixo nos mares vai além dos municípios costeiros”,
avalia Turra.
“Ela envolve todas as cidades,
Estados, a gestão dos resíduos sólidos, o saneamento básico, a educação
ambiental e toda uma cultura social que deve ser estruturada. Acreditamos que o
Fórum será um marco transformador da sociedade, por envolver diferentes setores
na busca do desenvolvimento sustentável.”
Fonte: EuGestor.com e BBC
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