COP13 encerra com perspectiva positiva sobre proteção de biodiversidade
A Cúpula das Nações Unidas sobre
Biodiversidade terminou neste sábado (17 Dezembro 2016) no balneário mexicano
de Cancún, após 14 dias de trabalho, com uma “perspectiva positiva” sobre os
avanços para se atingir um maior número de metas de Aichi.
Assim afirmou à Agência Efe o
secretário-executivo do Convênio sobre a Diversidade Biológica (CBD), Braulio
Ferreira de Souza Dias, que disse que nos últimos dias se viram esforços
consideráveis para progredir, visto que há uma maior consciência sobre o
problema.
Desde o dia 4 de dezembro 2016 até
este sábado 17 dezembro 2016, Cancún acolheu a Conferência das Partes do
Convênio sobre Diversidade Biológica (COP13) e seus dois protocolos, o de
Cartagena sobre segurança da biotecnologia (COP-MOP8) e o de Nagoia sobre
acesso aos recursos genéticos (COP-MOP2).
Mais de 6.500 delegados de 196
países participaram do diálogo, que incluiu analistas, autoridades e sociedade
civil. Pela primeira vez, além do setor ambiental se contemplaram os agrícola,
florestal, pesqueiro e turístico.
“Se conseguirmos que os setores
econômicos, que são os grandes usuários da biodiversidade, mudem suas práticas
para outras mais sustentáveis, haverá uma menor pressão sobre os recursos
naturais e portanto mais rapidamente poderemos equilibrar a perda e a
compensação”, afirmou o secretário-executivo.
“Não há uma solução milagrosa, é
preciso avançar em todas as frentes, sou otimista”, avaliou Braulio.
O que está sobre a mesa de
discussão, explicou, terá uma repercussão direta na sociedade, e implica mudar
o comportamento do consumidor e os sistemas de produção, assim como reduzir os
impactos negativos sobre a biodiversidade.
Também reforçar todo o sistema de
estímulos econômicos e subsídios, e reformar o marco legal em muitos países,
por mencionar algumas ações.
“Não são coisas pequenas, não se
podem conseguir da noite para o dia, é um processo de longo prazo e é preciso
ser persistente”, avaliou.
Para o secretário-executivo,
entre as metas de biodiversidade estabelecidas em 2010 em Aichi (Japão), uma
que reporta avanços rápidos é a 11, sobre a criação de Áreas Naturais
Protegidas terrestres e marinhas; a qual, estimou: “Vamos conseguir no final da
década”.
Por outro lado, a meta 16, sobre
a divisão equitativa dos lucros e vinculado com o Protocolo de Nagoia, também
avança: “Agora já temos mais de 90 membros e também há mais de 40 países que
avançaram em consultas nacionais, e esperamos que no próximo ano muitos mais
países queiram participar do protocolo”.
“Os países estão levando em conta
o capital natural, há algumas semanas se aprovou a Agenda 2030 para o
desenvolvimento sustentável com 17 objetivos; há mais atenção nos componentes”,
afirmou Braúlio.
Em contraste, ele considerou que
a meta 20, relacionada com a mobilização de recursos financeiros, é uma meta
“difícil de atingir”, especialmente depois da crise econômica de 2008.
No entanto, lembrou que hoje em
dia “as transferências internacionais dos países desenvolvidos para apoiar os
países em desenvolvimento estão aumentando”.
Entre as outras metas catalogadas
como “difíceis” Bráulio incluiu a 10, sobre ecossistemas muito vulneráveis; a
12, sobre a extinção dos espécies; e a 13, que aborda a perda de variedade
genética em plantas e animais.
Os territórios indígenas e
comunidades locais constituem grandes áreas de oportunidade, já que nele se
encontra a maior biodiversidade do planeta.
“A área física ocupada por esses
territórios é maior que a região de áreas protegidas no mundo”, por isso –
afirmou Bráulio – foram importantes as mudanças que países como Filipinas, Irã,
Madagascar e França fizeram para modernizar seu marco legal com o objetivo de
reconhecer estas superfícies naturais.
Durante a COP13 se visibilizou a
necessidade de que, para chegar a cumprir as metas de Aichi, se inclua nas
decisões os indígenas e as comunidades locais, e não só os governos.
No marco do evento se apresentou
o estudo “Perspectivas sobre a biodiversidade local”, que conclui que os povos
indígenas têm conhecimento “de primeira mão” sobre o estado da biodiversidade
no terreno, por isso que suas contribuições são “vitais”.
Além disso, de maneira prévia à
cúpula, ministros de 190 países realizaram durante dois dias uma sessão de alto
nível que concluiu com a adoção da Declaração de Cancún.
Com ela, os ministros se
comprometeram a fazer “esforços adicionais” encaminhados a que se cumpram as
metas de biodiversidade e acertaram medidas para acelerar seu cumprimento,
entre elas mobilizar recursos financeiros.
Fonte: G1
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