Brasil - Campeão de biodiversidade está fora da Conferência das Nações Unidas
O Brasil é o país com maior
biodiversidade no planeta, mas estará fora de uma das mais importantes
conferências das Nações Unidas sobre o tema. Como o Brasil não ratificou o
Protocolo de Nagoya, o país não participará da Conferência das Partes (COP-2)
sobre o documento, que o Secretariado da Convenção das Nações Unidas sobre
Diversidade Biológica vai realizar entre 2 e 17 de dezembro 2016 no México.
Comunidades indígenas e quilombolas são especialmente prejudicadas com a
não-ratificação do Protocolo de Nagoya.
O Protocolo de Nagoya está
vinculado à Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) e representa, segundo
seus objetivos oficiais, “um mecanismo para garantir que o acesso e a
repartição dos benefícios a partir do uso de recursos genéticos e conhecimentos
tradicionais associados, aconteçam em um contexto de transparência e com
equidade”. A entrada em vigor deste Protocolo interessa muito ao Brasil, que
tem a maior biodiversidade do planeta, e em particular às comunidades
tradicionais, como indígenas e quilombolas.
A repartição justa e equitativa
dos benefícios dos recursos genéticos é um dos três principais objetivos da
Convenção sobre a Diversidade Biológica, que foi assinada durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92, realizada no
Rio de Janeiro, em junho de 1992. Os outros dois grandes propósitos da
Convenção são a conservação da diversidade biológica e o uso sustentável de
seus componentes. Os protocolos são uma forma de regulamentar o que está
escrito em uma convenção internacional.
O Protocolo de Nagoya foi adotado
pela Conferência das Partes (COP-10) da CDB, a 29 de outubro de 2010, em
Nagoya, Japão. A abertura para assinaturas dos estados nacionais foi a 2 de
fevereiro de 2011. Ele entraria em vigor
90 dias depois do depósito do 50º instrumento de ratificação, aceitação,
aprovação ou adesão por parte de estados nacionais. Este prazo venceu dia 12 de
outubro de 2014, e o Protocolo entrou em vigor. Atualmente o Protocolo tem 82
ratificações. O Brasil assinou (a 2 de fevereiro de 2011), mas ainda não
ratificou o documento, o que diminui a sua força nas negociações
internacionais. A ratificação encontra resistências da bancada ruralista no
Congresso Nacional.
Outro instrumento vinculado à
Convenção sobre a Diversidade Biológica é o Protocolo de Cartagena sobre
Segurança da Biotecnologia da CDB, que trata do uso adequado da biotecnologia
no manejo dos recursos genéticos. O Protocolo de Cartagena, assinado nesta
cidade colombiana, entrou em vigor em 11 de setembro de 2003.
Entre 2 e 17 de dezembro 2016, o
Secretariado da CDB realiza em Cancun, no México, a COP-13 da Convenção da
Diversidade Biológica, a COP-8 do Protocolo de Cartagena e a COP-2 do Protocolo
de Nagoya. O secretário-geral da Convenção é o brasileiro Braulio Ferreira de
Souza Dias.
Comentário - Isso é um reflexo
da visão ambiental dos governos neste período, que ao invés de ver no Meio
Ambiente uma oportunidade, vê nele um empecilho. Triste mas uma realidade. A
comissão especial, culpada dessa inexistência, é nossa “gloriosa” Bancada
Ruralista. Tudo isso, essa “ausência” de ações, se deve ao fato de o documento
ser, na verdade, um instrumento de proteção à exploração da biodiversidade pelo
homem; em outras palavras: os recursos naturais do planeta estariam menos
propensos a ser tão dilapidados. Outro ponto do Protocolo prevê aumento
substancial de áreas terrestres e marítimas que são protegidas; desse modo, os
espaços terrestres que antes eram protegidos em somente 10% de sua extensão,
praticamente duplicariam (17%) e os marítimos decuplicariam (1% para 10%).
O Brasil era peça-chave desse
processo, já que concentra 20% dos recursos naturais do planeta em seu
território. Chagas como a biopirataria seriam bastante perseguidas, bem como
haveria um aumento de recursos para pesquisas científicas e populações nativas
– que em geral são muito pobres.
Fonte: Agencia ASN
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