Uma tragédia para a biodiversidade
Erguer uma grande hidrelétrica em
ecossistemas sensíveis como a Amazônia, como quer o governo brasileiro no Rio
Tapajós, teria impactos irreversíveis do ponto de vista econômico e social. A
obra também seria um desastre sem proporções para a biodiversidade local. Ao
alterar a dinâmica do rio e de suas espécies, podemos colocar em risco não
apenas a existência de milhares de animais e plantas, mas também nosso próprio
futuro.
Mas mesmo com este conhecimento,
o governo e empresas continuam a insistir no projeto. Por isso, ativistas do
Greenpeace do mundo todo estão pressionando a Siemens, uma das principais
fornecedoras de turbinas do mercado, para que a empresa não participe deste
projeto desastroso.
De acordo com o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) produzido por um grupo de empresas interessado em participar do
leilão da usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós – a maior das 43 planejadas
pelo governo em toda a bacia – foram identificadas mais de 3.600 espécies de
fauna e flora na área de influência da barragem. Mas um estudo realizado por
pesquisadores independentes já mostrou que os impactos a estas espécies não
foram levados em consideração, enquanto as novas espécies encontradas, entre
anfíbios, aves e macacos, sequer foram citadas.
Na Amazônia, as planícies
inundáveis incluem uma série de habitats, como praias, ilhas, pedrais e igapós,
que possuem características únicas e insubstituíveis para o ecossistema local.
Estes ambientes atuam como berçários para peixes e outros animais, inclusive de
importância econômica, e fornecem recursos-chave para as populações humanas e
os animais. Mas se uma barragem for construída neste local, esses lugares
desaparecerão, gerando um profundo impacto na biodiversidade.
Os impactos, entretanto, não se limitam
à área alagada pelo reservatório. Ao interromper o pulso natural de inundação
do rio – os padrões de cheia e seca – a vida tanto rio abaixo como rio acima é
alterada de forma permanente. Portanto, os efeitos de uma hidrelétrica não
estão restritos a poucos quilômetros acima ou abaixo da barragem, mas podem ser
detectados por centenas de quilômetros da obra.
Estamos falando de 95 espécies de
mamíferos, 553 aves, 302 tipos de borboletas e mais de 1.400 espécies de
plantas. Só no caso dos anfíbios e répteis, o estudo de impacto ambiental
identificou 109 espécies, sendo 16 inéditas, ou seja, ainda nem conhecidas pela
ciência. E tudo isso está ameaçado pela ganância e mau planejamento do governo
e de empresas interessadas em participar da obra.
A Siemens, por exemplo, é uma
empresa multinacional que vende ao mundo a imagem de “verde” e “ambientalmente
responsável”, mas participou da tragédia de Belo Monte, fornecendo turbinas ao
empreendimento. Mas talvez o mais curioso é que esta mesma empresa produz turbinas
eólicas. Então porque não avançar pelo caminho certo?
O futuro está na energia eólica e
solar, não em barragens que destroem comunidades, animais selvagens e a
floresta. E a Siemens pode mostrar isso a seus consumidores e ao governo
brasileiro, negando-se publicamente a participar do projeto de São Luiz do
Tapajós.
Afinal, de que lado a empresa
quer estar: do lado da eficiência energética, da biodiversidade, dos povos
indígenas e do povo brasileiro, que pede por mudanças; ou do lado onde apenas o
dinheiro fala mais alto? - Está na hora de escolher, Siemens!!!
Fonte: Greenpeace Brasil
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