Iniciativa estimula economia extrativista
O ano de 2016 foi declarado pela
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como o Ano
Internacional das Leguminosas com o objetivo principal de se alcançar a
segurança alimentar e nutricional para todos, a partir da manutenção da biodiversidade.
Essa recomendação motivou os Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) a publicarem, nesta quarta-feira
(18/5), a Portaria Interministerial nº 163 com a lista das espécies brasileiras
da sociobiodiversidade que podem ser utilizadas na alimentação e nutrição.
A Portaria traz a lista das
espécies nativas da sociobiodiversidade brasileira de valor alimentício e foi
editada no contexto das políticas públicas de aquisição de alimentos pelos
mercados institucionais, tais como o Programa de Aquisição e Alimentos (PAA) e
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). De acordo com a diretora do
Departamento de Extrativismo do MMA, Juliana Simões, a Portaria dinamizará a
economia extrativista, por meio dos mercados institucionais, permitindo a
criação de uma estratégia de governo para aquisição de produtos das espécies
nativas brasileiras usadas na alimentação.
Alimentos
nativos
Juliana Simões reforça que a
lista de espécies e produtos enumerados na Portaria poderá melhorar a renda dos
extrativistas e demais seguimentos de povos e comunidades tradicionais, além de
acrescentar valor e proteger as espécies da sociobiodiversidade. Ela acredita
que “as pessoas só protegem aquilo que elas conhecem, usam e dão valor”.
E a decisão da FAO de declarar
2016 como o Ano Internacional das Leguminosas foi tomada no final do ano
passado, durante a 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, sendo que a execução
dessa política necessita da colaboração dos governos locais, organizações não
governamentais e demais partes interessadas. Para a FAO, a América Latina e o
Caribe têm a maior base de recursos genéticos de espécies cultivadas e
consumidas em todo o mundo, tais como milho, batata, mandioca, batata-doce,
tomate, feijão, amendoim, abóbora, pequi, goiaba, entre muitas outras.
Conservação
As negociações destinadas à
construção do texto final da Portaria Interministerial nº 163/2016, pelo MMA e
MDS, começaram ainda em 2013, tendo por base as diretrizes do Projeto Biodiversidade
para Alimentação e Nutrição (Projeto BFN, da sigla em inglês). Esse projeto é
coordenado pelas Secretarias de Biodiversidade e Florestas e de Extrativismo e
Desenvolvimento Rural Sustentável, ambas do MMA.
Em função da relevância do tema
para o MMA e o MDS, a Portaria é considerada pela área técnica dos dois
ministérios como um importante avanço e contribuirá para ampliar o conhecimento
e a promoção do uso sustentável das espécies da sociobiodiversidade e sua
consequente conservação. Juliana Simões acredita que as espécies da
sociobiodiversidade têm valor alimentício importante e podem ser melhor
trabalhadas pela agricultura familiar, principalmente porque, a partir de
agora, elas terão maior reconhecimento das instituições federais parceiras do
Projeto BFN.
A lista das espécies nativas da
flora brasileira pode ser utilizada para comercialização in natura ou de seus
produtos derivados, no âmbito das operações realizadas pelos programas PAA e
PNAE. A Portaria relaciona espécies classificadas nas categorias Em Perigo (EN)
e Vulnerável (VU) pela Portaria MMA nº 443/2014, no caso de produtos florestais
não madeireiros, tais como sementes, folhas e frutos, que poderão ser
utilizadas desde que sejam adotadas as providências para uso sustentável das
espécies.
Fonte: Ministério Meio Ambiente
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