Lançado plano nacional para proteger corais
No Brasil, os recifes de coral se
distribuem por aproximadamente 3 mil quilômetros de costa, do Maranhão ao sul
da Bahia, representando as únicas formações recifais do Atlântico Sul. Nessa
área existem unidades de conservação federais, estaduais e municipais que
protegem uma parcela significativa desses ambientes. Mas, no geral, esses
sensíveis ecossistemas vêm sofrendo um rápido processo de degradação por causa
das atividades humanas.
Para reverter esse quadro, o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão
vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, aprovou o Plano de Ação Nacional para
a Conservação dos Ambientes Coralíneos – PAN Corais. A portaria que oficializa
o plano foi publicada em março no Diário Oficial da União (DOU).
Além de melhorar o estado de
conservação dos ambientes coralíneos por meio da redução dos impactos
antrópicos (produzidos pelo homem) e da ampliação da proteção e do
conhecimento, o PAN Corais busca conservar 52 espécies de peixes e
invertebrados aquáticos ameaçadas de extinção, entre elas anêmonas e
cavalos-marinhos.
Dez
objetivos e 146 ações
Para isso, foram definidas 146
ações, distribuídas em dez objetivos específicos, que deverão ser realizadas no
prazo de cinco anos. Essas ações serão desenvolvidas em 18 áreas-foco, ao longo
do litoral brasileiro, incluindo regiões no interior da Zona Econômica
Exclusiva, além do mar territorial, do Maranhão até Santa Catarina.
Todo esse trabalho será
coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade
Marinha do Sudeste e Sul (Cepsul), do ICMBio, e pela ONG Instituto Coral Vivo,
com supervisão da Coordenação Geral de Manejo para Conservação, da Diretoria de
Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade (CGESP/DIBIO), também do
ICMBio.
De acordo com a portaria, o PAN
Corais será monitorado anualmente, para revisão e ajuste das ações, com uma
avaliação intermediária prevista para o meio da vigência do plano e avaliação
final ao término do ciclo de gestão.
No dia 15 de março 2016, a
presidência do ICMBio publicou nova portaria, definindo o Grupo de
Assessoramento Técnico do PAN Corais, composto por 21 membros, que vai auxiliar
no acompanhamento da implementação das ações. Ainda este ano, serão editados o
sumário executivo e o livro do PAN, contendo diferentes dimensões de
diagnóstico e planejamento dos trabalhos.
Diálogo e
articulação
“O PAN Corais é o produto de um
amplo processo de diálogo e articulação entre pesquisadores, pescadores, ONGs e
outros setores da sociedade, constituindo-se em uma ferramenta muito importante
de planificação de ações de conservação deste ecossistema tão ameaçado”, disse
Roberta Aguiar dos Santos, do Cepsul e coordenadora do PAN Corais.
Segundo ela, para que o plano
tenha êxito, é fundamental o envolvimento das mais diferentes instâncias de
governo, conselhos e fóruns de elaboração e deliberação de políticas públicas.
“Isso demandará um esforço coletivo dos articuladores das ações propostas e de
um conjunto cada vez maior de pessoas e instituições”, afirmou.
Para Clovis Castro, coordenador
executivo do PAN e do projeto Coral Vivo e professor do Museu Nacional/UFRJ, o
plano abre uma nova etapa para ações de conservação e uso sustentável dos ambientes
coralíneos, representando o amadurecimento coletivo e evolução de iniciativas
anteriores do governo e da sociedade brasileira.
“O processo de construção do PAN
Corais abordou todas os principais temas relacionados à conservação desses
ecossistemas, como pesca sustentável, pesquisa, poluição, turismo, espécies
exóticas, mudanças do clima e da qualidade da água. Seu conteúdo sinaliza ações
prioritárias a serem realizadas nesses ambientes, podendo ser utilizado para
direcionar os esforços de órgãos governamentais, agentes financiadores,
instituições de pesquisa, organizações não-governamentais e outros”, disse
Castro.
Fonte: Ministério Meio Ambiente
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