Água Salobra
Água
A água é, sem dúvida, o mais comum e mais importante de
todos os compostos. Graças às propriedades da água, a vida foi capaz de surgir
e se desenvolver em nosso planeta. Estas propriedades são extremamente
peculiares: a água sólida (gelo) é menos densa do que o líquido - por esta
razão, o gelo flutua sobre a água líquida. Embora extremamente trivial, é
exatamente o oposto do observado na grande maioria das substâncias. Este
fenômeno incrível na realidade, é a dilatação da água a baixas temperaturas,
pois ao ser resfriada, a água diminui de volume somente até 4ºC, abaixo dessa
temperatura, ela se dilata novamente até congelar, fazendo com que o gelo seja
menos denso que a água no estado líquido! E, graças a esta habilidade, os
peixes e plantas de lagos e rios que congelam, no inverno, não morrem, pois a
capa de gelo que se forma sobre o lago funciona como uma barreira de proteção
contra o frio. Se o gelo fosse mais denso, os peixes teriam um piso congelado,
embaixo, e acima uma atmosfera fria. Uma situação muito mais sinistra!
O simples fato da água ser líquida à temperatura ambiente já
é completamente intrigante. Todos os compostos análogos à molécula H2O são
gases. Se não conhecêssemos a água, certamente iríamos deduzir que ela seria um
gás, e iria se tornar líquido somente em temperaturas muito inferiores a 0ºC.
Isto é extremamente importante para que ela possa ser usada por organismos
vivos; além de promover a vida diretamente, ainda serve como meio de
transporte, para recreação, e como um habitat para plantas e animais. Como é
facilmente transformada em vapor (gás), pode ser transferida, pela atmosfera,
dos oceanos até os continentes, onde pode precipitar sobre a forma de chuva.
Salobra
Água com salinidade intermédia entre a água salgada
(marinha) e a água doce, isto é, com salinidade entre 5% e 30%. É, portanto,
uma mistura de água doce com água salgada.
Ocorre em ambientes diversificados, mas principalmente em estuários e
lagunas, embora alguns mares sejam, também, constituídos por água salobra. As
característica salinas nos corpos lagunares dependem essencialmente do afluxo
fluvial de água e das trocas hídricas com o oceano, bem como das
características climáticas, visto que a precipitação intensa ou a aridez
climática podem modificar substancialmente a salinidade à superfície. São estes
mesmos fatores que influenciam a salinidade nos estuários, embora nestes os
aspectos relacionados com a circulação sejam, em geral, bastante mais
importantes. Perante caudais fluviais muito importantes (cheias) os estuários
podem ficar totalmente preenchidos com água doce, sendo a água salobra
empurrada para a plataforma continental. Se os caudais fluviais são muito
grandes, a pluma de água salobra pode penetrar bastante na água marinha. Um
caso extremo é do rio Amazonas, cujas águas diluem a salinidade à superfície do
Atlântico, tornando-a salobra, até distâncias que, por vezes, ultrapassam os
300 quilômetros.
No que se refere a mares, o que apresenta maior salobridade
é o Mar Báltico que, à superfície, na parte central, apresenta salinidades
entre 6 e 8%, sendo ainda menor nos golfos em que desaguam os rios com maior
escoamento. Na parte central da bacia, abaixo dos 50 metros de profundidade,
devido à estratificação das massas de água, a salinidade atinge valores entre
10 e 15%. A água salobra do mar Báltico resulta do fato de ser um mar confinado
(que contata com o mar do Norte através dos estreitos da Dinamarca), para onde
escoam cerca de duas centenas de rios.
O Mar Negro tem algumas semelhanças com o Báltico porquanto
é, também, bastante confinado (efetuando trocas hidrológicas com o Mediterrâneo
apenas através do Estreito do Bósforo – Mar de Mármara – Estreito de
Dardanelos), e nele desaguam vários rios, dos quais os mais importantes são o
Don, o Dnieper e o Danúbio. A salinidade à superfície e da ordem de 18%. Porém,
abaixo da superfície localiza-se a Água Fria Intermédia, com água mais fria e
salgada resultante do arrefecimento e decréscimo dos escoamentos fluviais
durante o Inverno. Na base desta massa de água, entre os 100 e os 200 metros de
profundidade, define-se a principal picnoclina (simultaneamente termoclina e
haloclina), abaixo da qual a salinidade aumenta para valores da ordem de 22% ou
um pouco maiores. Por via de regra não é detectada a existência de água
salgada: apenas existe água salobra.
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