Será que a natureza no Brasil esta mesmo protegida
O que são
áreas protegidas
“A criação de uma área protegida
é uma confissão de suicídio. Uma sociedade que precisa proteger a natureza de
si mesma não pode estar certa.” (José Lutzemberger)
As áreas protegidas são partes do
território sob atenção e cuidado especial, em virtude de algum atributo
específico ou até único que elas apresentam.
A frase de José Lutzemberger espelha bem um dos significados delas:
partes do território arrancadas da sanha predatória da humanidade, para evitar
sua destruição. Se nossa relação com o ambiente fosse mais equilibrada, talvez
não houvesse necessidade de estabelecer essas áreas.
Desde a criação do Parque
Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, em 1872, a criação de áreas
protegidas vem se consolidando como o mais frequente instrumento para a
proteção da paisagem e da biodiversidade. Essa primeira iniciativa cujo
objetivo seria conservar belas paisagens virgens para as futuras gerações, áreas
desabitadas aonde o ser humano seria sempre um visitante, nunca habitante,
serviu de modelo à criação de muitas outras mundo afora.
Esse modelo apresenta vantagens e
desvantagens. Se por um lado, é uma forma de conseguir uma proteção para a
natureza, por outro, ele não consegue assegurar a integridade mínima dos
processos biológicos no restante do território e assim, seus próprios objetivos
de conservar paisagens e espécies, ficam ameaçados. Se por um lado esse modelo
tenta resolver, o conflito constante pelo uso da terra e dos recursos naturais
nas áreas protegidas, por outro, em muitos casos, ele acirra conflitos com os
moradores das áreas então destinadas à proteção e de suas circunvizinhanças ao
impor a eles restrições e mudanças no regime de uso do espaço e dos recursos
naturais, o que lhes altera diretamente a dinâmica da vida até esse momento.
Segundo a União Internacional
para a Conservação da Natureza (IUCN), área protegida é “uma área com limites
geográficos definidos e reconhecidos, cujo intuito, manejo e gestão buscam
atingir a conservação da natureza, de seus serviços ecossistêmicos e valores
culturais associados de forma duradoura, por meios legais ou outros meios
efetivos. A Convenção sobre Diversidade
Biológica (CDB), uma das convenções internacionais assinadas na Rio-92, traz a
seguinte definição de área protegida “significa uma área definida
geograficamente que é destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar
objetivos específicos de conservação.”
Na legislação brasileira não há
um conceito único para área protegida, sendo um termo utilizado em diferentes
contextos e com significados específicos. A mata ciliar e os sítios
arqueológicos, por exemplo, são exemplos de áreas protegidas: enquanto esta
está relacionada ao registro de vestígios de atividades dos homens que viveram
antes do início de nossa civilização, a primeira é indispensável à estabilidade
de zonas frágeis.
Para áreas protegidas cujo
propósito é a proteção da biodiversidade, ecossistemas e paisagem, utilizamos o
termo “unidade de conservação”, que não possui tradução em outros idiomas e
pode ser entendido como um subconjunto das áreas protegidas. Assim, o Sistema
Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC) define unidade de conservação como
“espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de
proteção”.
As UCs, embora essencialmente
diferentes dos Territórios de Ocupação Tradicional, sejam Terras Indígenas ou
Territórios de Remanescentes de Quilombo, formam conjuntamente com os mesmos as
áreas protegidas objeto do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas,
lançado em 20061 em decorrência dos compromissos assumidos pelo Brasil no
âmbito da CDB. O intuito do PNAP é orientar as ações para o estabelecimento de
um sistema abrangente de áreas protegidas ecologicamente representativo,
efetivamente manejado, integrado a áreas terrestres e marinhas.
Brasileiros
dizem que a natureza não está protegida
Uma pesquisa recente, encomendada
pela organização WWF-Brasil, aponta que 82% dos brasileiros acreditam que a
natureza do país não está protegida de forma adequada e 56% dos entrevistados
não estão satisfeitos com as áreas verdes existentes nas grandes cidades, a
maior taxa de insatisfação é da população do Sudeste (62%). Os dados foram
divulgados nesta terça-feira (18 de novembro de 2014), durante o Congresso
Mundial de Parques em Sydney, na Austrália.
Foram ouvidas 2 mil pessoas na
segunda quinzena de outubro em todas as regiões do país. O objetivo do estudo
era entender como o brasileiro se relaciona com as unidades de conservação,
como parques, reservas e outras áreas protegidas.
De acordo com a pesquisa, grande
parte do público já ouviu falar da existência de áreas protegidas e 55% dos
entrevistados afirma que as áreas verdes ajudam na proteção das nascentes e
rios. Outros 65% creem que a diversidade de plantas e animais fica mais
protegida com a manutenção das florestas, independente de onde elas estiverem.
Essa pesquisa demonstra a preocupação com o tema e tenta aproximar da realidade
da população urbana a informação de que “áreas protegidas não estão apenas na
Amazônia”.
“Tem gente que enxerga natureza
como aquilo que é distante. Seria melhor que as pessoas que estão na cidade
percebessem que um impacto [negativo] nas áreas de conservação acarretam danos
ao rio e, consequentemente, impactam o seu carrinho de compras [do
supermercado]”. “Ainda há muito a se fazer para que essa percepção mude”,
complementa.
Com os resultados, a ONG pretende
bater na porta dos governantes para cobrar mais medidas de proteção.
Atualmente, o Brasil tem 320
unidades de conservação federal, distribuídas por todas as regiões do país, que
representam 759.375 km² do território brasileiro protegidos por lei. Somadas as unidades estaduais e
municipais, cerca de 10% do país está preservado sob o título de unidade de
conservação.
Fonte: G1 e www.uc.socioambiental.org
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