Tráfico de animais silvestres: Um flagelo brasileiro
Uma cena comum no Brasil , e
considerada até bonita por muitos, é a da casinha com gaiolas de passarinhos
penduradas para fora. Para muitos, essa cena mostra o amor do dono da casa pela
natureza e pelos animais. E na maioria das vezes, o amor é real e a pessoa nem
imagina as consequências que estão por trás do simples fato de comprar um
passarinho em uma feira-livre. No entanto, devido ao imenso volume do comércio
ilegal de animais silvestres brasileiros, esse hábito aparentemente inocente
acaba sendo responsável por sustentar uma das maiores ameaças à biodiversidade
brasileira.
Atualmente, a retirada de
espécies selvagens da natureza para suprir o mercado de bichos de estimação é a
modalidade de comércio ilegal que mais incentiva o tráfico de animais silvestres
no Brasil. Vale lembrar que espécies da fauna silvestre são diferentes das
espécies domesticadas pelo homem há milhares de anos. Para que uma espécie
passe a ser considerada doméstica (e não amansada ou domada) é necessário que
ocorra seleção de certas características, com diferenciação genética e
fenotípica, a ponto de se tornar uma espécie distinta da parental, como ocorreu
com gatos, cachorros, bois, porcos, etc.
A retirada de animais silvestres
da natureza, não apenas gera sofrimento animal, mas pode ter consequências
ambientais graves, com ameaça de extinções locais ou extinção da espécie como
um todo, até desequilíbrios ecológicos com consequências econômicas.
Através de uma rede nacional
capilar de caçadores e de traficantes, literalmente milhões de pássaros,
sobretudo araras, papagaios e periquitos, cobras, borboletas, camaleões,
jabutis, onças, macacos, peixes e tartarugas são aprisionados e vendidos tanto
no mercado nacional quanto no estrangeiro. A quase totalidade dessas criaturas
silvestres não sobrevivem aos processos de captura e de armazenamento para o
transporte. Cerca de 90% delas morre antes de ser comercializada, por
ferimentos, por sufocação, ou simplesmente por falta de comida e de água.
De acordo com a Organização das
Nações Unidas (Onu), o tráfico de animais silvestres é a terceira atividade
ilícita mais lucrativa do planeta, perdendo apenas para o tráfico de drogas e
para o tráfico de armas. A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais
Silvestres (Renctas) estima que o tráfico de animais silvestres movimenta
mundialmente cerca de pelo menos dez bilhões de dólares por ano.
O Brasil ocupa um lugar de
destaque nessa questão, movimentando aproximadamente quinze por cento desse
comércio ilícito, o que equivaleria a cerca de um bilhão e meio de dólares ao
ano. Por possuir uma das mais ricas biodiversidades do planeta, nosso país é
também um dos mais visados pelos traficantes.
O artigo 1º da Lei nº 5.197/67
(Lei da Fauna) define fauna silvestre como “os animais de quaisquer espécies,
em qualquer fase do seu desenvolvimento que vivem naturalmente fora do
cativeiro”. Vários tipos de animais que estão na mira de caçadores ilegais e
destinados ao tráfico nacional e internacional.
Diferentemente do animal
doméstico, o animal silvestre não se acostuma ao cativeiro. Quando retirado do
seu habitat natural ele reage negativamente, passando inclusive a ter
dificuldade de se desenvolver e de se reproduzir em cativeiro.
Fonte: www.viajeaqui.abril.com.br
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