Uso inteligente da água - Sistema Aquífero Guarani
O aumento do uso dos recursos
hídricos em escala mundial levará a um uso ainda mais intenso das reservas de
água subterrânea.
As águas subterrâneas se
distribuem irregularmente no interior da superfície terrestre e não respeitam
limites fronteiriços de países. Esse é mais um elemento a ser considerado na
gestão dos recursos hídricos em escala internacional.
A gestão compartilhada das águas
internacionais, as que se distribuem por mais de um país como um corpo d’água
superficial ou como reserva subterrânea, deve ser um dos temas mais debatidos e
de grande preocupação nos países que tem o mesmo.
Países como Brasil, Argentina,
Uruguai e Paraguai, que integram o Mercado Comum do Sul (Mercosul), partilham
um imenso reservatório hídrico interior e não devem enfrentar dificuldades para
abastecimento populacional ou para outros usos da água. Entretanto, devem
regulamentar o acesso a ela para que não ocorra sua contaminação nem o
esgotamento dos recursos hídricos.
Embora as reservas de água
subterrânea já estejam em uso em diversas localidades, não existe ainda uma
estrutura organizada para a gestão dos recursos hídricos do Sistema Aquífero
Guarani. Apesar da controvérsia sobre o isolamento de partes do sistema,
especula-se que o uso desequilibrado possa afetar a dinâmica da oferta de água.
Daí ser fundamental conhecer o arranjo institucional usado como parâmetro de
gestão dos recursos hídricos no Mercosul, pois os países em que essa água está
disponível integram esse bloco de países. A expectativa é avaliar se os
instrumentos que tal bloco oferece propiciam um uso compartilhado dos recursos
subterrâneos do Sistema Aquífero Guarani.
A integração de mercados
nacionais, objetivo central da criação do Mercosul, deveria ponderar a
preservação ambiental e melhorar as interconexões físicas.
Conforme se pode observar,
trata-se de um acordo simples, que busca estabelecer as bases para uma
cooperação mais profunda proximamente. Pode-se afirmar, nesse sentido, que é
uma iniciativa de suma importância para os países do Cone Sul, sobre a qual há
muito espaço para avanços.
É importante refletir acerca do
valor estratégico do Aquífero Guarani para os países da região. Em diversas
partes do planeta, conflitos por recursos naturais estão em curso, além de a
escassez de água em várias regiões do mundo.
O termo que usarei, antes tarde
do que nunca, tem uma aplicação precisa nesta questão. Qualquer atraso ou postergação
poderia comprometer a proteção de tamanha fonte de recursos estratégicos para
os países da região. É necessário, no entanto, que, com base nesse acordo, os
países possam prosseguir, de forma assertiva, com avanços também na área de
segurança regional.
Apesar do reconhecimento entre as
partes do Mercosul nas quais ocorre o Sistema Aquífero Guarani de sua situação
privilegiada em termos de abastecimento hídrico no médio e longo prazos, não
houve um avanço expressivo na regulamentação ambiental, em especial no que se
refere ao uso compartilhado de recursos hídricos. A ausência de regulamentação
regional para a gestão compartilhada dos recursos hídricos subterrâneos não
deve ser considerada uma dificuldade. Ela pode ser superada por meio do diálogo
entre as partes.
O Mercosul funciona melhor como
instrumento de estímulo a trocas comerciais entre seus membros, objetivo
inicial de sua criação, do que como meio para regulamentar a ação ambiental
entre seus integrantes. No caso dos recursos hídricos subterrâneos, é
fundamental que seja promovida uma maior articulação de informações e
conhecimentos sobre a dinâmica natural do Sistema Aquífero Guarani para que as
decisões possam ser tomadas de maneira mais consciente. A cooperação entre as
partes atende aos objetivos de criação do Mercosul e deve ser cada vez maior e
envolver instituições de pesquisa e órgãos nacionais gestores de recursos
hídricos.
O tempo não para, o uso dos
recursos hídricos também... por isso, é preciso ser ágil para evitar uma
degradação dos estoques de água doce subterrânea como se verificou em outras
partes do planeta por falta de diálogo entre países.
Fonte: Luiz Henrique Lopes
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