Biotecnologia Agrícola: Dez Anos de Benefícios e um Futuro Promissor
Embora a biotecnologia já esteja
presente há décadas no dia-a-dia da população, a maioria das pessoas considera
o "tomate Flavr Savr" o primeiro produto derivado de uma planta
geneticamente modificada a chegar ao mercado. Este tomate foi desenvolvido para
amadurecer mais lentamente do que os convencionais, o que permitiu que a fruta
permanecesse por muito mais tempo no pé antes de ser colhida e enviada ao
mercado. Lançado em 1994, o melhor sabor e uma textura mais firme fizeram-no
popular até que novas variedades o substituíram, no final dos anos 90.
A partir de 1995, outras culturas
geneticamente modificadas chegaram ao mercado. O milho, a canola, o algodão, a
soja e as variedades de batata que tiveram características específicas
adquiridas pela tecnologia de DNA recombinante estavam sendo plantados em
campos norte-americanos. No primeiro ano, somente poucos milhares de hectares
foram cultivados, mas os fazendeiros que optaram por essas novas variedades da
biotecnologia obtiveram rendimentos melhores, com menos ou nenhuma pulverização
de inseticida e, como consequência, tiveram a erosão reduzida do solo e uma
menor contaminação da água no subsolo.
Segundo dados do relatório do
Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia
(ISAAA), o cultivo de plantas transgênicas, em 2004, registrou um aumento de
13,3 milhões de hectares em áreas plantadas, atingindo o patamar de 81 milhões
de hectares em todo o mundo. De acordo com os dados do ISAAA, esse aumento
representa 20% a mais em relação a 2003.
O ISAAA divulgou também que o
número de agricultores que cultivaram plantas geneticamente modificadas
ultrapassou a barreira dos 8 milhões, divididos pelos 17 países que atualmente
permitem o cultivo de plantas transgênicas. Mundialmente, 60% da soja, 23% de
milho, 11% do algodão e 6% da canola (80% da canola no Canadá) são produtos da
biotecnologia. A China está a ponto de adicionar o arroz aos produtos da
crescente lista da biotecnologia.
Os críticos das culturas
geneticamente modificadas alegam que não existem estudos científicos
suficientes que garantam a qualidade dos transgênicos ou que provem que eles
não são causadores de danos à saúde humana. O fato é que a chegada de um
produto fruto da biotecnologia no mercado não é o começo de um processo, mas o
resultado de um período de mais de 13 anos de pesquisa.
O nível da avaliação da fase
pré-comercial feita em cada planta transgênica é de longe muito maior do que
qualquer outro processo similar para uma planta não transgênica. Os testes
incluem avaliações da segurança do alimento e do impacto ambiental. Para a
aprovação de um produto transgênico, os pesquisadores consideram os níveis de
macronutrientes, micronutrientes e antinutrientes, bem como o de gorduras,
açúcares e proteínas. Cada gene introduzido é comparado com mais de 500
alérgenos conhecidos. Nunca, um produto alimentício geneticamente modificado
foi introduzido no mercado sem passar por todos estes processos.
Ganhos
ambientais
As análises ambientais das
culturas geneticamente modificadas também são muito mais complexas que as
habituais. Os cientistas examinam como cada planta geneticamente modificada
interage com outras plantas, animais e insetos e asseguram-se que elas não
representam nenhuma ameaça à biodiversidade.
O aumento da produtividade, menor
impacto ambiental e mesmo a preservação da saúde dos agricultores e suas
famílias são alguns dos benefícios registrados com o plantio das plantas
resistentes a insetos.
O gama “de frutos” da
biotecnologia que estão sendo desenvolvidos e a serem lançados é
impressionante. A biotecnologia agrícola não é uma panacéia, não acabará com a
fome ou as doenças, mas ajudará a resolver essas questões muito difíceis,
geradas por uma população global crescente. A área de culturas transgênicas
continua a se expandir, e muito em breve, o globo inteiro desfrutará desses
benefícios.
Fonte: Luciana Di Ciero - Engenheira Agrônoma, professora da
Esalq/USP e conselheira da Pró-Terra, Associação Brasileira de Tecnologia Meio
Ambiente e Agronegócios
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