Agricultura Irrigada
A agricultura irrigada tem um
papel relevante na sociedade brasileira, simplesmente uma função social, pois
existem milhares de hectares irrigados e muitos irrigantes em todo Brasil que
dependem desse tipo de atividade para produzir alimentos e garantir o sustento
familiar, com expressiva atuação dos irrigantes familiares na produção de
hortaliças e frutíferas. O produtor precisa produzir alimentos em quantidade e
em qualidade, além de ter a segurança na produção e na comercialização. Para
isso, inicialmente, precisamos planejar, e acima de tudo é necessário o uso da
irrigação como o alicerce, a ferramenta ou o tripé desse sistema de produção.
O Brasil apresenta um imenso
potencial em termos edafoclimáticos (recursos hídricos), assim podemos
alavancar ainda mais a produção com a agricultura irrigada, desde que seja
feita respeitando o meio ambiente, do ponto de vista da sua preservação, o uso
e manejo adequado dos sistemas, tornando-os sustentável, viável e econômico,
incrementando um volume maior de produtos e subprodutos gerados por essa
atividade (oriundas da agricultura familiar), atendendo e abastecendo os nossos
mais de 190,7 milhões de habitantes brasileiros. O pequeno irrigante (quando
falo pequeno, refiro-me à agricultura familiar), apresenta uma série de
características. Como tem tempo disponível, cuida e zela mais dos seus
equipamentos de irrigação, de acordo com a diversificação das culturas que ele
adota na propriedade. É interessante observar que mesmo os equipamentos mais
simples alcançam uma durabilidade muito grande na mão desse tipo de irrigante,
pelo fato de ele ser o gestor de todo o processo de produção e comercialização.
A tecnologia de uso dos
equipamentos de irrigação pelo agricultor familiar é rapidamente apropriada e
absorvida por ele, desde que seja feita uma orientação correta e transmitida
pela Assistência Técnica e Extensão Rural, as EMATER’s da vida.
Daí a importância da ATER neste
contexto, como incentivadora, impulsionadora e conscientizadora dos repasses de
informações perante os agricultores e/ou produtores atrelados a AGRICULTURA
FAMILIAR. Entendemos e fica bem claro que o principal objetivo dos serviços de
Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) é melhorar a renda e a qualidade de
vida das famílias rurais, por meio do aperfeiçoamento dos sistemas de produção,
de mecanismo de acesso a recursos, serviços e renda, de forma sustentável. As
empresas e órgão de assistência técnica devem investir em treinamentos em
relação à AGRICULTURA FAMILIAR IRRIGADA, implantação de pequenos pomares,
hortas, etc., voltados na ênfase da AGRICULTURA IRRIGADA, onde devem-se inserir
os conceitos práticos de irrigação no trabalho do produtor familiar. É
essencial para o agricultor familiar ter acesso à informação e lidar com novos
conceitos no uso da água, entender o papel da água para a sua produção. Levar
para ele outros conceitos básicos como vazão, qualidade de água, transpiração +
evaporação (EVAPOTRANSPIRAÇÃO), inserindo isso no seu dia-a-dia, até chegar aos
equipamentos. Isso trará benefícios e resultados, fazendo com que o produtor
entre no processo de produção com irrigação. A pequena irrigação é
economicamente viável em termos de agricultura familiar. Muitos trabalhos de
pesquisa e extensão rural tem mostrado isso, seja validação tecnológica ou
apropriação de tecnologia, mostram dados, e demonstram que vale a pena o uso da
irrigação para o pequeno produtor (relacionado a agricultura familiar).
No sistema de aspersão
convencional por malha (irrigação por tubos enterrados), por exemplo, que não é
automatizado, o produtor intensifica o uso da mão-de-obra, reduz os
investimentos na aquisição de equipamentos, facilita a operação do sistema de
irrigação e pode ser utilizado na agricultura familiar. Nesse tipo de
irrigação, por malha, a tecnologia do sistema é possível de ser apropriada pelo
produtor comum, sem nenhum problema. Traz vantagens comparativas, porque o
sistema tem um longo período de funcionamento (muitas horas por dia) e para
quem está dentro da propriedade, ao lado da pastagem, é muito simples operá-lo.
Numa determinada época do ano, quando se exige mais irrigação, o sistema
funciona até meia-noite, desligando-se automaticamente a bomba. Às 6 horas, a
bomba é novamente ligada, quando o produtor vai tirar o leite.
No que diz respeito aos sistemas
de irrigação, escolha, etc., dependerá de vários fatores para uso, tipo de
cultura, solo, etc. Mas que a IRRIGAÇÃO LOCALIZADA (microaspersão e
gotejamento) é sem sombra de dúvida a mais vantajosa em termos de
economicidade, praticidade, uso da fertirrigação e aproveitamento da água pelo
sistema radicular das plantas. A irrigação sempre foi colocada como uma
tecnologia cara, difícil de ser atingida, só para quem tem muito dinheiro. Mas,
na verdade, os custos caíram bastante. No Brasil existem linhas de
financiamento que, além do PRONAF, atendem o irrigante local.
O governo federal precisa tirar muita
coisa do papel. Fala que tem dinheiro sobrando nos bancos e que não é problema
ou entrave para financiar a AGRICULTURA FAMILIAR IRRIGADA, mas que na hora de
liberar o financiamento, o agricultor é penalizado por burocracias. A
alternativa é incentivar a elaboração de projetos viáveis voltados para
AGRICULTURA IRRIGADA para serem entregues aos agentes financeiros para
liberação do crédito. Assim decolaria a atividade.
Mas, não acontece isso na prática
em muitos estados brasileiros. Temos que perseguir as mudanças nos cenários. O
uso da irrigação pelo pequeno produtor vale a pena. Ele deve desempenhar
inúmeros papéis, ser o guardião dos recursos naturais e garantidor da segurança
alimentar, e cada vez mais, em direção da segurança energética, sem que o risco
recaia somente em seus ombros.
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