Qualidade da Água e os Bioindicadores
Os ecossistemas aquáticos
continentais tornam-se cada vez mais indispensáveis à vida moderna pois estão
relacionados às mais variadas atividades humanas como a obtenção de alimento,
de energia elétrica, o abastecimento doméstico e industrial, o lazer e a irrigação
entre outras.
Na atualidade, a água é um bem
precioso, é um recurso estratégico. A ausência deste recurso ou a sua presença
em quantidade ou qualidade inadequadas têm sido um dos principais fatores
limitantes ao crescimento social e econômico de várias regiões do Brasil e do
mundo. A demanda por água doce em todo o mundo tem aumentado de maneira
exponencial. Paralelamente, a degradação de sua qualidade tem reduzido ainda
mais sua disponibilidade.
Os ecossistemas aquáticos
continentais tornam-se cada vez mais indispensáveis à vida moderna pois estão
relacionados às mais variadas atividades humanas como a obtenção de alimento,
de energia elétrica, o abastecimento doméstico e industrial, o lazer e a
irrigação entre outras. O uso na irrigação se constitui hoje como um dos
principais aspectos que contribuem para que a água seja hoje um recurso
estratégico. Basta lembrar que 70% de toda a produção de alimento do mundo
provém de apenas 17% das áreas cultiváveis.
A Limnologia é uma ciência de
grande alcance social uma vez que fornece inúmeros subsídios para a
conservação, o manejo e a recuperação dos ecossistemas aquáticos continentais.
Desde o início da ciência Limnologia, os estudos ecológicos com comunidades de
macroinvertebrados bentônicos tiveram um papel importante na classificação do
estado trófico de lagos e rios.
Índices bióticos têm sido uma
importante ferramenta em estudos de monitoramento de condições ecológicas, em
geral considerando a composição taxonômica e dominância de alguns grupos tolerantes
a poluição. No Brasil, algumas iniciativas têm sido propostas para bacias
hidrográficas que vêm sofrendo a influência do lançamento de esgotos domésticos
e efluentes industriais, na maioria das vezes utilizando técnicas de
estatísticas multivariadas.
Os bioindicadores também são
definidos como organismos ou comunidades que respondem à poluição ambiental,
alterando suas funções vitais ou acumulando toxinas. Esta definição pode ser
ampliada ao se considerar que bioindicadores são organismos ou comunidades que
reagem a alterações ambientais modificando suas funções vitais e/ou sua
composição química e com isso fornecem informações sobre a situação ambiental.
Bioindicadores são organismos ou
comunidades, cujas funções vitais se correlacionam tão estreitamente com
determinados fatores ambientais, que podem ser empregados como indicadores na
avaliação de uma dada área. Esta definição inclui conscientemente a indicação
de comportamentos naturais, como por exemplo, na agricultura, onde podemos
inferir sobre características de uma região apenas pela presença ou ausência de
determinadas espécies vegetais.
Os macroinvertebrados têm sido
amplamente utilizados como bioindicadores de qualidade de água no monitoramento
de reservatórios, trechos de importantes bacias hidrográficas sob diferentes
níveis de impacto antrópico e na saúde de ecossistemas por apresentarem as
seguintes características:
Ciclos de vida longo,
comparando-se com os organismos do plâncton que em geral tem ciclos de vida em
torno de horas, dias, 1 ou 2 semanas; os macroinvertebrados podem viver entre
semanas, meses e mesmo mais de 1 ano.
Em geral, são organismos grandes,
sésseis ou de pouca mobilidade;
Fácil amostragem, com custos
relativamente baixos;
Elevada diversidade taxonômica e
de identificação relativamente fácil (ao nível de família e alguns gêneros);
Organismos sensíveis a diferentes
concentrações de poluentes no meio, fornecendo ampla faixa de respostas frente
a diferentes níveis de contaminação ambiental.
O termo biomonitoramento, ou
monitoramento biológico, pode ser definido como o uso sistemático de respostas
biológicas para avaliar mudanças ambientais com o objetivo de utilizar esta
informação em um programa de controle de qualidade. Estas mudanças normalmente
estão associadas a fontes antropogênicas.
Bioindicação é o uso de um
organismo (uma parte do organismo ou uma comunidade de organismos) para se
obter informações sobre a qualidade do seu ambiente ou parte dele. Organismos
que são capazes de fornecer informações sobre a qualidade do seu ambiente são
bioindicadores.
Biomonitoramento é a observação
contínua de uma área com a ajuda de bioindicadores, os quais neste caso, devem
ser chamados de biomonitores. Normalmente, toda observação contínua possibilita
uma avaliação semi-quantitativa dos resultados. Usando uma comparação do
dia-a-dia: a diferença entre bioindicação e biomonitoramento é a mesma que
existe entre uma fotografia e um filme".
A bioindicação se fundamenta no
princípio de que os sistemas biológicos possuem um estado de estabilidade
elevada e um equilíbrio dinâmico. Todo sistema biológico, independentemente de
ser organismo, população ou comunidade, se adaptou a um complexo de fatores
ambientais ao longo da sua evolução. Na biosfera, ele conquistou um espaço e um
nicho ecológico, onde ele encontra as condições necessárias e favoráveis à sua
manutenção e reprodução. Entretanto, alterações dos fatores ambientais sob
influência de estressores antrópicos levam a outros estados de estabilidade. Os
organismos reagem, alguns se adaptam, porém, quando ultrapassam sua capacidade
de adaptação, eles podem apresentar sintomas visíveis. Neste caso, o
reconhecimento da reação do indicador, como um todo, ocorre somente após o
aparecimento de certos danos visíveis, como necrose e clorose.
Os indicadores neste contexto são
reações bioquímicas, morfológicas e fisiológicas. Estruturas menores, como
organelas isoladas (cloroplastos e mitocôndrias) ou reações bioquímicas e
fisiológicas, são mais sensíveis à instabilidade ambiental. Seus limites são
mais estreitos, elas reagem mais sensivelmente às perturbações. Alterações na
concentração de ácido ascórbico, proteínas, amido, enzimas, produção de O2 de
protoplastos isolados de plantas superiores, fluorescência de clorofila de
algas, são alguns exemplos de parâmetros que podem ser mensurados no
biomonitoramento, fornecendo informações sobre alterações da qualidade
ambiental.
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