Primavera Silenciosa - Silent Spring
Vou falar sobre o livro A primavera silenciosa, de Rachel Carson, que me impressionou desde o começo. A introdução - Uma fábula para o amanhã – descreve uma cidade americana ficticia que, com o tempo, toda vida — desde os peixes, os pássaros, até as crianças — foi silenciadas pelos efeitos do DDT. Ela adverte que a descrição não corresponde a alguma cidade, mas que cada parte dela é a realidade de alguma cidade.
Ele é um dos livros clássicos que todos os ambientalistas, estudiosos e curiosos da causa ambiental deveriam ler.
Resumo
Rachel Carson era bióloga e pesquisadora. Em 1945, diante dos testes realizados com DDT, em Maryland, perto de onde vivia, ela propôs um artigo para o Reader's Digest sobre os mesmos, que foi rejeitado. Em 1958, diante da grande mortandade de pássaros, em Cape Cod (Cabo Cod), no extremo leste de Massassuchets, resolveu tomar novamente a iniciativa de publicar em uma revista, sobre os perigos das pulverizações com o DDT. Não conseguiu publicar a sua opinião e, como pesquisadora e escritora reconhecida, decidiu publicar um livro. A Primavera Silenciosa levou quatro anos para ser terminado e seu pocket book foi publicado em 1962, pela Fawcet Crest Book e vendido a 95 centavos de dólar (tenho-o em português e quem o quiser, em meio digital, eu anexo o site, onde está gratuitamente disponível).
Seu sucesso se deve à exposição, de maneira clara ao público, de crimes ambientais e mortes de peixes, animais silvestres, principalmente, dos pássaros (o silêncio do canto dos pássaros, na primavera), ou seja, de fatos registrados oficialmente e não divulgados ao público (conhecemos bem essa história, infelizmente, não somente com relação ao meio ambiente), cuja responsabilidade ela atribuiu aos inseticidas.
O livro é um alerta sobre a má utilização dos pesticidas e inseticidas e seus impactos sobre o meio ambiente e sobre o próprio Homem. A autora diz “nós permitimos que esses produtos químicos fossem utilizados com pouca ou nenhuma pesquisa prévia sobre seu efeito no solo, na água, animais selvagens e sobre o próprio homem”.
O foco do trabalho é o uso do DDT (Dicloro-difenil-tricloretano), produto químico sintetizado em 1874, por estudante alemão e, por um tempo, esquecido. Em 1939, as propriedades inseticidas foram descobertas pelo entomologista suíço Paul Hermann Müller, da Geigy Pharmaceutical, que ganhou o Prêmio Nobel da Medicina, em 1948, devido ao uso do DDT no combate à malária.
Foi usado na II Guerra mundial para matar insetos que atacavam os soldados e podiam causar o tifo e para combater o piolho. Seu uso se estendeu a agropecuária, devido ao baixo preço e eficiência. Na África para largamente utilizado para combater o mosquito transmissor da malária (o mosquito Anopheles).
Carson demonstra que o DDT contribuia para a extinção de algumas espécies de pássaros, tais como o falcão peregrino e a águia careca, animal símbolo dos EUA e, ambos, topos da cadeia alimentar.
Ela mostrou que existia uma real possibidade de correlação de doenças crônicas com a aplicação do DDT. Estes residuos passavam a fazer parte da cadeia alimentar. Os resíduos de inseticidas organoclorados acumulavam-se nos tecidos gordurosos dos animais, inclusive do homem, o que poderia provocar câncer e dano genético. Absorvido pela pele ou nos alimentos, o acúmulo de DDT no organismo humano está relacionado com doenças do fígado, como a cirrose e o câncer.
Além da penetração do DDT na cadeia alimentar, Rachel mostrou que uma única aplicação de DDT em uma lavoura matava insetos por semanas e meses e atingia um número incontável de outras espécies, permanecendo tóxico no ambiente mesmo com sua diluição pela chuva.Resíduos do pesticida foram encontrados no leite de vaca e materno, em algumas regiões dos EUA, e em tecidos gordurosos dos pingüins e ursos polares do Ártico e em baleias da Groenlândia. Segundo o site do Gabeira, no Brasil, na década de 60, utilizava-se uma média de 1.200 gramas de inseticidas por hectare; essa média caiu para 69,5 em 1990.
O livro A Primavera Silenciosa, de grande repercussão nos EUA resultou em pressão por novas lei sobre os parlamentares. Após várias manifestações favoráveis aos etudos de Carson, o então presidente da república John Fritgerald Kennedy, convocou seu Comitê Assessor Científico e pediu investigação. O relatório foi favorável a ela. O Presidente Kennedy passou a supervisionar, com apoio do Departamento de Agricultura (USDA), o uso do DDT, até sua retirada para comercialização. No entanto, seis meses após o assassinato de Kenedy, começou a haver menor rigor e os ataques à vida pessoal de Carson. Primeiro, com a apresentação de uma carta do secretário da agricultura Ezra Taft Benson ao presidente Dwight David Eisenhower (período de 1953 a 1961), acusando-a de comunista (não se esqueçam que é a época do macartismo - Campanha radical direitista, no período de 1950 a 1954, pelo senador Joseph McCarthy e atingiu em grande escala os meios artístico e intelectual), arquivada sem provas.
Em seguida, foi acusada de ser homossexual (que desqualificava socialmente todos os acusados) devido a sua amizade com a escritora Doroty Freeman (1889-1978), que era vizinha e amiga. Enfim, as agressões tinham o objetivo de atingir moral e pessoalmente de maneira a colocar em duvidas o seu trabalho cientifico. As industrias como a Du Pont Company –fabricante do DDT e do herbicida 2,4-D - e da empresa Velsicon Chemical Company, produtora exclusiva dos inseticidas organoclorados clordano e heptacloro, fez com que utilizassem vários estratagemas no sentido de evitar a perda do mercado e de milhões. Os agricultores se opuseram energicamente, pois, defendiam que, sem inseticidas, o rendimento das colheitas diminuiria 90%.
Em 1962, com a publicação, ela compareceu a vários debates, em que era muito pressionada, embora estivesse bastante doente. Seu ultimo debate ocorreu no Comitê de Assessoramento Científico de Kennedy, em que mostrava fraqueza física. Faleceu em 14 de abril de 1964, com 56 anos, com câncer no seio que se estendeu até o fígado.
Em 1964, pressionado pela crescente pressão popular, o governo criou uma nova emenda à Lei FIFRA (Federal Inseticide, Fungicide and Rodenticide Act- Lei Federal de Inseticidas, Fungicidas & Raticidas).
Em 1980, o governo americano concedeu a Rachel Carson, in memoriam, a Presidential Medal of Freedom, a mais alta honraria concedida a civis.
Bem, Resíduos de pesticidas, especialmente organoclorados (DDT e metabólitos, BHC, aldrin, heptacloro e outros), estão nas áreas mais remotas da Terra. São transportados por grandes distâncias pelas correntes de ar e oceânicas, retidos no organismo de animais migrantes marinhos. Foram detectados nos Andes chilenos, em altitudes elevadas.
Um avanço é que, entre 4 e 10 de dezembro de 2000, na Assembléia Geral das Nações Unidas oito pesticidas foram considerados nocivos ao ambiente e à saúde e proscritos pelos países signatários, a saber: hexaclorobenzeno, endrin, dodecacloro, toxafeno, clordano, heptacloro, aldrin e dieldrin. Quanto ao DDT propôs-se que seja utilizado no controle de malária, pois países que o utilizam para este propósito, ainda necessitam de recursos e tempo para definir e implementar alternativas.
Fonte: Primavera Silenciosa - Rachel Carson
Show irmão! É mesmo tudo isso, esse livro é sem dúvida uma das maiores referências que um ambientalistas pode ter..., e para aqueles que não são também, afinal esse é um quesito que todos tem que se inteirar. Gostei do blog, o divulguei e seguidor agora sou.
ResponderExcluirÉ possível dar ordem ao caos.
Abraços, sempre!!!...
belo blog, amigo.Não sei se vc tem algo postado sobre o perigo do glifosato, vulgo round-up e seus efeitos macabros. Se tiver, terei prazer em ler e divulgar...
ResponderExcluirObrigado a todos que gostaram desta postagem...Sobre glifosato e sobre round-up...tem varios artigos aqui postado ok....basta na barra de procura la em cima colocar por estes nomes e vai ver as postagens ok.
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