CARNALIXO - Excesso de lixo nas ruas… É carnaval!
Por todo o país, a cena é a
mesma: toneladas e toneladas de lixo acumuladas por todas as partes. É
carnaval…
RIO DE JANEIRO - Lixo do carnaval e o desperdício de alimentos.
Quem paga a conta? - Lixo tomou conta das ruas do Rio após a passagem de blocos
de carnaval. Não é muito difícil pensar em escrever sobre lixo e desperdício
neste Carnaval. É só dar um giro pela cidade do Rio de Janeiro (e, imagino, por
qualquer outra megalópole deste país) para que qualquer pessoa do senso comum
se sinta horrorizada pela quantidade de sujeira exposta depois da farra. Estive
fazendo um percurso de meia hora nos trens do Metrô e vi de tudo, de sandálias
a resto de roupas, entre areia e muita, muita sujeira em cada vagão.
Fácil apontar, como vilão, o
Carnaval. São quatro dias em que se consente tudo, ou quase tudo, inclusive não
se preocupar com o próprio lixo ou com quem vai passar mais tarde para catá-lo.
Li em algum comentário nas redes sociais o pensamento de alguém que me afetou:
todo brasileiro, no fundo, é escravocrata, já que se permite sempre deixar para
trás seus próprios resíduos, com a certeza de que algum subalterno vai cuidar
de limpá-los. Felizmente, hoje em dia, tal subalterno é pago. Não recebe tanto
dinheiro quanto seria necessário para as suas necessidades, disso sabemos bem,
mas ao menos não é obrigado a fazer o serviço.
Fato é que mais de 400 toneladas
de lixo foram recolhidos depois dos 246 blocos que desfilaram pelas ruas da
cidade desde sábado (10) até quarta-feira (14) de fevereiro 2018. Um total de
246 blocos espalharam alegria pelas ruas do Rio mas também espalharam muito
lixo. Para além da folia, os cortejos de carnaval já deixaram para trás cerca da
quantidade de 30% maior do que a recolhida em 2017 pela Comlurb.
Pela manhã, estive na Central de
Abastecimento de Alimentos do Rio de Janeiro (Ceasa), o maior posto deste tipo
localizado no Rio de Janeiro, que fica em Irajá, e lá pude perceber outro tipo
de lixo, o de alimentos, que nos leva a refletir também sobre o desperdício.
Dados da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, dão conta de que,
anualmente, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados ou se perdem
nas cadeias produtivas de alimentos. Se os pesquisadores se dispuserem a dar
uma caminhada pela Ceasa, vão descobrir a origem de parte do problema. Há uma
absurda falta de compromisso dos que trabalham no setor com aquilo que vão
vender. Importante frisar que não estou aqui fazendo nenhum tipo de julgamento.
Falta educação? Informação? É uma questão de hábito cultural?
Outra questão é que as pessoas
estão acostumadas a comprar alimentos como se estivessem adquirindo produtos de
moda. Precisam ser bonitos, reluzentes, por mais que tanta beleza tenha a ver
também com a quantidade de defensivos agrícolas necessários para plantá-los.
São muitas as possibilidades, mas
o fato é que o fenômeno acontece num país onde há sete milhões de pessoas que
passam fome. E seria necessário, por
parte do Estado, uma ponte entre tal privação e tamanho desperdício. Não há.
Mas o que acontece é que não dá
para se apontar um único responsável. É
preciso olhar para todo um sistema que menospreza o valor dos alimentos que
estão “fora do padrão” para serem revendidos ou consumidos em restaurantes.
Segundo a FAO, o desperdício no
mundo responde por 46% da quantidade de comida que vai parar no lixo. Já as
perdas — que ocorrem sobretudo nas fases de produção, armazenamento e
transporte — correspondem a 54% do total. Quem se responsabiliza?
Voltando ao carnaval, e ao lixo,
esta pergunta sobre a responsabilidade ficou pairando no ar hoje, em roda de
amigos. As latas de cervejas jogadas nas calçadas, nas areias das praias, nos
trilhos do Metrô, não deveriam estar na meta das fabricantes do produto? Sim, a
isto se chama, no âmbito da responsabilidade social, de “compromisso com toda a
cadeira produtiva até o final”, ou seja, até ser descartada. Mas é preciso também exigir de quem bebe o
mesmo compromisso, respeito ao outro. Há tarefas para todos.
E lá vou eu em busca de autores
que me ajudem a refletir com mais propriedade sobre este comportamento tão
pouco civilizado dos humanos nas megalópoles brasileiras. Não posso pensar que
seja só aqui que se observa o descaso com o produto que se descarta, do
alimento ao lixo, até porque encontrei num filósofo e sociólogo esloveno,
Slavov Zizek, pensamentos globais que me afetaram sobre o assunto, os quais eu
quero compartilhar com os leitores.
Zizek gosta de provocar. Para
ele, a melhor maneira de se demonstrar um verdadeiro amor ao meio ambiente é
fazer contato direto com o lixo que produzimos. Somente depois desse contato é
que poderemos pavimentar um caminho para a mudança que precisamos para o
planeta.
Isso implica, por exemplo, em
buscar saber, no próprio lugar onde se mora, qual o destino que o lixo terá. Ir
ao corredor e lançar na lixeira um saco bem atado contendo o lixo do dia é fácil
demais, nos distancia demais deste contato necessário. A próxima cena que vou
descrever é bem ao gosto do filósofo esloveno que gosta de causar algum tipo de
reação em seus leitores: pensar que após a descarga não temos mais nenhum
comprometimento com o que se foi água abaixo é um hábito que deveria ser
repensado.
Zizek vai além, como bom
desafiador que é, comparando o lixo ao amor. Só se pode amar alguém, de
verdade, quando ousamos conviver com o “lado lixo” (se me permitem a expressão)
daquela pessoa. No caso, o lado lixo é todo o comportamento que difere do
nosso. Hoje isso está cada vez mais distante da realidade. Quem busca um(a)
parceiro(a) quer que ele(a) tenha pontos semelhantes de pensamento e de
hábitos. Se não for assim, está fora. Como lixo.
O pensamento é mágico, voa alto,
e quem me acompanha neste espaço sabe que não gosto de pôr freios quando
encontro quem consegue ampliar minhas reflexões. Zizek vai fundo nessa
proposta. Seus vídeos estão disponíveis na internet e pode ser divertido terminar
o Carnaval em companhia de pensamentos desafiadores.
BELO HORIZONTE - Cheiro de urina, depredação e lixo nas ruas; o
desrespeito no carnaval de Belo Horizonte. Banheiros químicos foram incendiados
e quebrados, assim como a placa de estrutura metálica que pedia respeito na
Praça Raul Soares.
Nem só de brilho, fantasia e
blocos de rua vive o carnaval de Belo Horizonte. A folia é marcada por muita sujeira,
equipamentos públicos depredados e mau cheiro nas ruas.
A Praça Raul Soares, endereço
indicado pela BHTrans para os motoristas desviarem dos congestionamentos
causados pela folia, também sofre com o desrespeito ao espaço público.
'Respeito', pede a placa da prefeitura. Entretanto, a estrutura em metal
amanheceu destruída nesta segunda-feira no entorno da Praça, na Avenida Augusto
de Lima próximo ao Mercado Central.
Em outras vias da cidade, há
placas com "valores" a serem seguidos por foliões que curtem o
Carnaval de BH, mas o forte cheiro de urina e a grande quantidade de garrafas e
embalagens de bebidas jogadas nas ruas da cidade mostram que nem todos seguem a
campanha educativa da prefeitura.
Nesta manhã, as Avenidas Getúlio
Vargas, Prudente de Morais e Afonso Pena, além das Ruas Ceará, Carandaí e
Paraíba, dentre outras diversas na Região Central, eram o rastro da folia. Nem
mesmo o trabalho dos funcionários da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU),
iniciados ainda na madrugada, foi suficiente para recolher a grande quantidade
de sujeira das ruas.
Procurada, a prefeitura de Belo
Horizonte informou nesta manhã que as empresas que cedem os banheiros químicos
realizam as trocas quando há registros de depredação que impedem o uso.
A administração municipal
informou que ainda não é possível fazer nenhum balanço prévio sobre a
quantidade de resíduos que foi retirada das ruas e quantos equipamentos já
precisaram ser trocados.
SÃO PAULO – Doria (Prefeito), admite falhas na gestão para
Carnaval de rua em SP. Muito lixo, estações de metrô fechadas e trânsito
caótico marcaram o fim de semana dos paulistanos; Doria prometeu melhoras para
próximo fim de semana. O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) admitiu na
noite deste domingo (11 de fevereiro 2018), durante ação de limpeza do programa
Cidade Linda em Pinheiros, na Zona Oeste, que houve falhas na organização do
Carnaval de rua. Durante este sábado, o número de pessoas, acima do previsto
pela prefeitura, deixou muito lixo pelo chão, estações de metrô fechadas,
furtos, além de carros e ônibus presos no meio da multidão.
Segundo o tucano, a prefeitura
“não passou de ano” na avaliação deste sábado. A gestão Doria trabalhava com a
expectativa de 250 mil pessoas, porém, segundo o prefeito, foram mais 700 mil
pessoas nas ruas considerando todas as aéreas das cidade. “Nós devemos ter a
expectativa para mais e não mediana. O volume de público, de trânsito e de lixo
foi maior. A dispersão das pessoas também demorou muito mais tempo. Para semana
que vem estaremos muito melhores.”, afirmou. Fica a pergunta no ar será?
A região do Largo da Batata, em
Pinheiros, na Zona Oeste da capital, era marcada para ser o ponto de dispersão
dos blocos, mas quando os foliões chegavam ao local encontravam as estações de
metrô Fradique Coutinho e Faria Lima, que ficam nas proximidades, fechadas.
Segundo o prefeito, uma reunião
de avaliação já foi realizada para que os erros deste sábado não se repitam. Para
Doria, o domingo já teve um “salto qualitativo” se comparado com o sábado.
“Para o próximo fim de semana, nós definiremos áreas de segurança, trânsito e
limpeza. Hoje já demos um salto qualitativo extraordinário”, afirmou o
prefeito.
Uma das medidas que serão
adotadas para o fim de semana do Carnaval será o aumento do efetivo de limpeza
e de agentes da Companhia de Engenharia de Trafego (CET). Segundo a prefeitura,
serão 560 agentes ou mais e o dobro de agentes de limpeza para dar conta do
volume de lixo acumulado nas ruas após a passagem dos blocos.
Outro problema presente neste fim
de semana, além do lixo, foi o cheiro de urina nas ruas. O prefeito afirmou,
sem citar números, que a quantidade de banheiros químicos distribuídos pela
cidade foi o dobro da gestão anterior. “Colocamos o dobro de banheiros químicos
nas ruas em relação ao ano passado, mas as pessoas precisam ter um pouco de
educação e um pouco de responsabilidade também”, finalizou.
SALVADOR - Salvador recolhe 14% mais lixo no Carnaval do que
na folia de 2017. A Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) já recolheu
1.253 toneladas de resíduos nos três circuitos da folia: Osmar (Campo Grande),
Dodô (Barra-Ondina) e Batatinha (Pelourinho), da última quarta (7 fevereiro
2018) até a segunda-feira de Carnaval (12 fevereiro 2018), o que significa um
aumento de 14,11 % em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram
retiradas das ruas 1.098 toneladas.
De acordo com dados da Limpurb, o
circuito que mais gera resíduos é o Dodô. Já nos bairros onde ocorrem a festa,
o acumulado é de 124,64 toneladas. Ao todo, foram 1.377,10 mil toneladas de
resíduos recolhidos, incluindo o volume coletado nos bairros que recebem
eventos relacionados ao Carnaval.
“O aumento no volume de resíduos
gerados é reflexo do sucesso do Carnaval. Temos mais gente na rua e,
consequentemente, temos mais produção de resíduos. Começamos por volta das 3h
após cada noite de festa, e no início da manhã tudo já está limpo para mais um
dia de folia”, explica o presidente da Limpurb, Kaio Moraes.
Durante o Carnaval, a Limpurb
trabalhou nos circuitos da folia e nos bairros onde acontece a festa com 3.065
colaboradores e 212 equipamentos. Foram instalados 2.998 sanitários químicos e
72 contêineres climatizados (com 555 posições). Foram realizados serviços de
varrição, coleta, lavagem de vias e logradouros, além da limpeza e manutenção
dos sanitários. E os trabalhos seguem nesta quarta-feira de Cinzas, até o
último acorde.
Limpurb recolhe 715,8 toneladas
de resíduos durante Carnaval de Salvador. Desde que os blocos de fanfarras
começaram a desfilar pelo circuito Sérgio Bezerra, na Barra, na última
quarta-feira, até este sábado (10 fevereiro 2018), a Empresa de Limpeza Urbana
de Salvador (Limpurb) retirou das vias impactadas pela festa 715,8 toneladas de
resíduos. No mesmo período do ano passado, foram 605,28 toneladas do mesmo
material.
O circuito onde mais de produz
resíduo é o Dodô (Barra-Ondina). Onze cooperativas e uma associação que
trabalham com reciclagem de materiais auxiliam a Limpurb nesse trabalho, e o
resíduo que não é de interesse dessas entidades seguem para o aterro sanitário.
A Limpurb garante serviços de limpeza aos foliões que participam do Carnaval,
numa operação que incluem 3.065 colaboradores e 212 equipamentos. São 2.998
sanitários químicos e 72 contêineres climatizados (com 555 posições). São
realizados serviços de varrição, coleta, lavagem de vias e logradouros, além da
limpeza e manutenção dos sanitários.
Lixo no carnaval: produzir é normal e destinar corretamente é obrigação.
Fonte: Amelia Gonzalez - G1 - Folha
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