Acordos climáticos atuais não vão frear o aquecimento
O mundo não está fazendo o
suficiente para conter suas emissões de carbono, adverte um novo relatório da
ONU. Em auditoria do Acordo de Paris divulgada na última semana, o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente revelou que, se as ações para combater as
mudanças climáticas se limitarem apenas às promessas atuais, a Terra ficará
pelo menos 3ºC mais quente em relação aos níveis pré-revolução industrial até
2100.
O nível excederia o objetivo do Acordo
de Paris, que busca limitar o aquecimento global até o final do século a 2ºC
acima dos níveis pré-revolução industrial. A principal causa do aquecimento
recente, que tem perturbado o clima global, é a emissão de gases de efeito
estufa como o dióxido de carbono (CO2).
O lançamento do relatório ocorreu
na véspera da COP23, uma sequência de ações para a reunião da ONU de 2015 que
gerou o Acordo de Paris. Também acontece no dia seguinte em que a ONU confirmou
que os níveis de CO2 atmosférico de 2016 foram os mais altos da Terra nos
últimos 800 mil anos. Os níveis de metano também atingiram números recordes.
“Um ano após o acordo de Paris
entrar em vigor, ainda não estamos fazendo o suficiente para salvar centenas de
milhões de pessoas de um futuro miserável”, disse Erik Solheim, chefe do Unep,
em comunicado.
“Isso é inaceitável. Se
investirmos nas tecnologias certas, garantindo que o setor privado esteja
envolvido, ainda podemos cumprir o compromisso que fizemos para proteger o
futuro dos nossos filhos. Mas precisamos encarar isso agora.”
Para que tenhamos 66% de chances
de evitar um aquecimento de 2ºC até 2100, o novo relatório diz que as emissões
totais de 2030 não podem exceder 42 bilhões de toneladas de CO2. Esse limite
representa cerca de 80% das emissões de carbono de 2016 – 52 bilhões de
toneladas de CO2.
Os compromissos estabelecidos no
Acordo de Paris estão bem longe de alcançar esse objetivo. Mesmo no melhor
cenário, os compromissos atuais deverão frear as emissões globais em 2030 a
algo entre 53 e 55,5 bilhões de toneladas de CO2. Isso equivale a um excesso de
11 a 13,5 bilhões de toneladas, mais do que o dobro da pegada de carbono dos
Estados Unidos em 2016.
Algum
progresso foi feito
Mas o relatório também oferece
pequenas boas notícias. Apesar de um aumento constante das emissões totais, a
auditoria concluiu que, desde 2014, as emissões globais de carbono provenientes
do uso de combustíveis fósseis, produção de cimento e transporte internacional
se estabilizaram em torno de 35 bilhões de toneladas de CO2.
Também cabe destacar a adoção
quase universal do acordo de Paris. De todos os países da Terra, apenas a Síria
se recusou a aderir ao Acordo de Paris. A Nicarágua, que durante anos criticou
o Acordo de Paris como insuficiente, juntou-se ao pacto no final de outubro.
Dito isso, em 1o de junho, os
Estados Unidos declararam sua intenção de se retirar do Acordo de Paris em
2020, sendo o único país a fazê-lo. A Administração Trump criticou as supostas
restrições do pacto voluntário na economia dos EUA.
Na ausência de ações federais,
governos estaduais e locais dos EUA, bem como o setor privado, buscam avançar e
honrar o Acordo de Paris.
Desta forma, 14 estados e Porto
Rico formaram a” Aliança Climática dos EUA” e se comprometeram a honrar as
obrigações do país no âmbito do Acordo de Paris. Outra iniciativa pelo clima,
a We Are Still In (Ainda estamos
dentro), reivindica o apoio de estados, cidades, empresas e universidades que
representam mais de 127 milhões de americanos e US$ 6,2 trilhões do PIB dos
EUA.
Fonte: National Geographic Brasil
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