Terra - um planeta envenenado
Os solos estão contaminados por
conta das atividades dos homens, que descartam uma grande quantidade de
produtos químicos nas áreas utilizadas para produzir alimentos. O alerta é da
Organização das nações unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Há no
solo excesso de nitrogênio e metais pesados, como arsênico, cadmio, chumbo e
mercúrio, segundo a FAO. “Quando esses compostos entram na cadeia alimentar
representam riscos para a segurança alimentar, para os recursos hídricos, para
a subsistência das populações rurais e para a saúde das pessoas”, assinalou um
relatório da FAO divulgado dia 23 de junho. E destaca ainda que o combate à
contaminação dos solos e a busca por uma gestão sustentável dos recursos
agrícolas é essencial para fazer frente às mudanças climáticas e à insegurança
alimentar que se acerca.
A poluição dos solos é um
problema cada vez mais importante e que acontece de muitas maneiras. A única
forma da combate-la é aumentar a disponibilidade de informações a respeito e
promover a gestão sustentável da terra. “É preciso intensificar a colaboração
global na busca de provas científicas confiáveis para que se mude a forma de
plantar e o uso dos agrotóxicos”, disse Ronald Vargas, secretário geral da
Aliança Mundial pelo Solo.
A assembleia da Aliança Mundial
pelo Solo é uma plataforma neutra e multi participe para discutir os temas
globais em relação aos solos e busca agrupar conhecimentos sobre boas práticas
de manejo, “além de estimular medidas para manter os solos saudáveis para que
sigam garantindo os serviços ambientais que garantem alimentos para todos”,
disse Maria Helena Semedo, diretora geral adjunta da FAO.
A Assembleia realizada no final
de junho aprovou novas iniciativas para facilitar a troca de informações sobre
solo, a criação da Rede Global de Laboratórios de Solos, que deverá coordenar e
criar modelos de medição para uso entre todos os países, a Rede Internacional e
Solos Negros, que pretende melhorar o conhecimento sobre os solos agrícolas
mais férteis, que também são conhecidos por seu alto conteúdo de carbono.
Cerca de um terço dos solos do
mundo estão contaminados, devido principalmente a práticas insustentáveis de
gestão. Além disso bilhões de toneladas de terra se perdem a cada ano na
agricultura e uma das causas principais é a poluição por agrotóxicos e pelo
manejo ineficiente do solo. Em alguns países cerca de um quito de todas as
terras cultiváveis estão comprometidas com contaminações diversas.
Contaminação do solo significa a
presença na terra de substâncias químicas que estão fora de lugar ou em
concentrações superiores às normais, por ação de mineração, atividades
industriais ou má gestão das águas.
A FAO alerta que em alguns casos
as contaminações se estendem por grandes áreas por conta das chuvas e dos
ventos. Os insumos agrícolas, como os fertilizantes, os herbicidas e os
pesticidas, incluindo os antibióticos que são encontrados nos estercos dos
animais, são importantes contaminantes que provocam problemas também por conta
de suas fórmulas que são constantemente alteradas.
“A contaminação dos solos é um
risco traiçoeiro porque é mais difícil de ser observada do que outros processos
de degradação, como a erosão. Os perigos estão, também, em como os
contaminantes reagem com os elementos já presentes no solo e a velocidade com
que esses contaminantes penetram nos ecossistemas”, alerta o documento da FAO.
Segundo a organização, a diversidade de contaminantes e tipos de solos, assim
como as formas que agem, fazem com que os estudos para determinar os riscos
sejam especialmente difíceis e caros.
Solos
Negros
A nova rede internacional de
solos negros define como negros aqueles que contém ao menos 25 centímetros de
húmus e com uma taxa de carbono orgânico superior a dois por cento. Segundo
essa definição estão em um território de 916 milhões de hectares e cobrem 7% da
superfície do planeta.
Cerca de 25% dos solos negros são
do tipo clássico, com um metro de húmus, e se encontram em regiões de plantios
de cereais da Europa Oriental e Ásia Central, além de antigas pradarias da
América do Norte, disse o informe da FAO. São considerados solos de extrema
importância para a segurança alimentar da humanidade. A Rede Internacional de
Solos Negros tem como missão a conservação da produtividade a longo prazo
desses solos através da colaboração técnica e intercâmbio de conhecimentos.
Fonte: IPS - Traduzido por Dal Marcones do Envolverde
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