Sustentabilidade não pode prescindir dos valores humanos
Sustentabilidade
humana
De inundações e quebras de safra
à qualidade do ar e à poluição da água, os governos de todo o mundo estão
enfrentando o desafio de construir um futuro sustentável para as pessoas e para
a natureza.
Contudo, os esforços globais para
proteger o planeta irão falhar se não levarmos em conta conceitos como
igualdade e bem-estar.
O alerta está em um estudo
realizado por uma equipe multidisciplinar e multi-institucional, liderada por
Christina Hicks, da Universidade Lancaster, no Reino Unido, e publicado pela revista
Science.
"Nossa busca para alcançar
um ambiente saudável e sustentável depende profundamente de compreendermos como
o bem-estar humano está ligado ao meio ambiente e é impactado pela forma como o
administramos," explica o professor Phil Levin, da NOAA dos EUA (National
Oceanic and Atmospheric Administration).
Conceitos
sociais essenciais
O principal argumento da equipe é
que, se quisermos fazer mudanças justas e duradouras para o meio ambiente,
precisamos nos engajar de forma concreta, com a ciência sim, mas também com
conceitos sociais essenciais.
Os autores identificam sete
conceitos sociais-chave, que são muitas vezes marginalizados nos esforços para
atingir as metas de sustentabilidade:
1. Bem-estar
2. Cultura
3. Valores
4. Desigualdade
5. Justiça
6. Poder
7. Um sentido de autodeterminação
Eles sugerem que, embora estes
conceitos sejam mais difíceis de quantificar do que o PIB ou as emissões de
carbono, eles podem ser medidos e métodos já estão sendo desenvolvidos por
pesquisadores e formuladores de políticas para quantificar alguns deles,
incluindo o bem-estar, a autodeterminação, os valores e a desigualdade.
Proteção
ambiental compatível com o ser humano
Sem essa perspectiva do social,
corremos o risco de ir por uma estrada que protege o planeta, mas é
incompatível com o bem-estar humano.
"O bem-estar humano é
dependente de ecossistemas saudáveis, mas a busca do bem-estar no curto prazo
pode afetar negativamente os mesmos ecossistemas.
"Para mim, tudo se resume a
criar um mundo mais justo - nós podemos agir para proteger o nosso ambiente,
mas, por vezes, essas ações podem aumentar a desigualdade, e então a abordagem
não vai ser sustentável a longo prazo.
"Por exemplo, criamos
parques marinhos e parques terrestres para proteger a natureza e a
biodiversidade e com toda a razão. Mas, ao fazer isso, frequentemente temos
tirado os meios de subsistência das pessoas, retirando as pessoas de sua
própria terra. As pessoas têm sofrido. Uma sustentabilidade duradoura dependerá
de soluções legítimas e justas," defende a professora Christina Hicks.
Cientistas
sociais
Como meio de ação, o artigo
destaca a importância de incorporar cientistas sociais para que eles trabalhem
ao lado dos cientistas ambientais e dos decisores políticos.
"A ciência social é
fundamental para decifrar como as pessoas interagem com seu ambiente, mas
muitas vezes as complexidades dessa relação e as linguagens nas quais ela é
expressa podem se tornar uma barreira à forma como ela é usada por outras
ciências e pela política," ressaltou Sarah Coulthard, coautora do estudo.
Fonte: Site Inovação Tecnologica
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