Amazônia - A maior fonte gratuita de água doce
A Amazônia volta a ser objeto de
discussão – depois do esquecimento por alguns meses que antecederam as eleições
e não foi lembrada por nenhum candidato – como bioma importante, além de fonte
inesgotável de produtos, na regulagem do ciclo hidrológico no Brasil.
Cientistas afirmam que a estiagem calamitosa no sudeste tem a ver com o
desmatamento na Amazônia, o que vem provocando grande repercussão na sociedade.
O resultado das urnas gerou
também uma infeliz polarização, chegando a ser proposto por alguns desinformados
um separatismo entre o Norte/Nordeste e o Sul/Sudeste. Impossível para a nação
e seria como – numa linguagem metafórica – separar o aparelho digestivo do
aparelho respiratório no corpo humano.
A Amazônia é importante sim para
todo o país e permitir sua destruição com o desmatamento radical é como,
literalmente, “matar a galinha dos ovos de ouro”. A região tem sido nos últimos
50 anos o “almoxarifado” do Brasil e do Mundo. Além de fonte de inúmeros
produtos/serviços essenciais como energia, madeiras, minerais e alimentos é a
primeira vez que é reconhecida a sua importância como alimentadora de água para
outras regiões, com certeza seu maior volume de exportação – mesmo ainda não
quantificado – um dos mais importantes serviços ambientais da região, que
necessita urgentemente ser reconhecido pela sociedade.
Considerando que na biomassa da
floresta 50% é água, o desmatamento de 1 hectare equivale em média à eliminação
sumária de 300.000 litros de água do processo natural conhecido como
evapotranspiração (água que vai do solo, absorvida pelas raízes e liberada
pelas folhas até a atmosfera), pois as árvores funcionam com uma “bomba”
permanente de elevação de água para a atmosfera e a floresta em interação com o
solo, como uma “esponja” gigantesca de retenção de umidade. Já perceberam que
não há formação de neblina onde não há vegetação no entorno. Pois a neblina
nada mais é que o “vapor” de água da evapotranspiração das plantas.
Então quando se aventar que a
Amazônia tem a maior fonte de água potável do planeta não se pode pensar
somente na escala do Rio Amazonas e seus tributários, mais também na enorme
quantidade de água represada em sua floresta em permanente troca com a
atmosfera na forma de vapor, que é deslocada para outros biomas ou regiões ao sabor
dos ventos, formando as chuvas tão necessárias para alimentar sistemas como o
de Cantareira em São Paulo, já no distante trópico de Capricórnio.
Ainda é tempo de reverter esse
quadro que já começa a dar pistas do tamanho da calamidade – veja-se o caos da
região sudeste em desconforto e prejuízos – estabelecendo como política para a
Amazônia o desmatamento zero e recompondo grande parte das áreas já desmatadas
com reflorestamento, com prioridade para as matas ciliares e as nascentes.
É mais econômico deixar por conta
da natureza manter essas “corredeiras” naturais de vapor d’água entre a
Amazônia e demais regiões que construir no futuro gigantescas adutoras em áreas
desertificadas. Evitando-se o desmatamento, permitimos que a floresta amazônica
continue como o “radiador” do Brasil, amenizando o clima e mais eficientemente
ainda “condensando” água para outros sistemas hidrológicos interligados.
Fonte: Raimundo Nonato Brabo Alves
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