BIOMAS DO BRASIL - BIODIVERSIDADE EM PERIGO
Devido a sua dimensão continental
e à grande variação geomorfológica e climática, o Brasil abriga 7 biomas, 49
eco regiões, já classificadas, e incalculáveis ecossistemas.
Biomas são grandes estruturas
ecológicas com fisionomias distintas encontradas nos diferentes continentes,
caracterizados principalmente pelos fatores climáticos (temperatura e umidade)
e formações vegetais relacionados à latitude. Assim, podemos dizer que bioma é
um conjunto de vida (vegetal e animal) em escala regional de condições
geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em
uma diversidade biológica própria. Entende-se por eco região um
conjunto de comunidades naturais, geograficamente distintas, que compartilham a
maioria das suas espécies, dinâmicas e processos ecológicos, e condições
ambientais similares, que são fatores críticos para a manutenção de sua
viabilidade a longo prazo.
Ecossistema designa o conjunto
formado por todos os fatores bióticos e abióticos que atuam simultaneamente
sobre determinada região. Caracterizam-se pelo fato de serem sistemas altamente
complexos e dinâmicos, com tendência para a auto-organização e auto renovação.
Os ecossistemas são, no fundo, o objeto de estudo da Ecologia.
“Os ecossistemas fazem parte de
um bioma e são definidos formalmente como: unidade funcional de base em
ecologia, porque inclui, ao mesmo tempo, os seres vivos e o meio onde vivem,
com todas as interações recíprocas entre o meio e os organismos” (Dajoz).Muitas vezes, o termo bioma é utilizado como sinônimo de ecossistema, no entanto, ao contrário do segundo que implica nas inter-relações entre fatores bióticos e abióticos, o primeiro significa uma grande área de vida formada por um complexo de habitats e comunidades.
Fatores
Bióticos
Ocasionados pela presença de
seres vivos ou suas relações. Os fatores bióticos são todos os seres vivos da
biosfera.
Fatores
Abióticos
Também chamados de não vivos, são
os fatores ambientais como a água, o solo, a temperatura, a luminosidade e as
propriedades físicas e químicas da biosfera. São ausentes da presença de seres
vivos.
BIOSFERA
Conjunto de todos os ecossistemas
da terra incluindo as regiões da hidrosfera (as águas) da litosfera (o solo) e
da atmosfera (camada gasosa onde existe alguma forma de vida). Os ecossistemas
que compõem a biosfera são condicionados por sua posição geográfica, sua
história geológica e pela evolução biológica do planeta. Os grandes
ecossistemas contém comunidade clímax que chamamos de biomas, em equilíbrio
dinâmico com as condições ambientais.
AMAZÔNIA
A grande maioria das florestas
tropicais brasileiras está concentrada neste bioma que fica localizada a norte
do continente sul-americano.
67% estão em território
brasileiro, sendo o restante distribuído entre a Venezuela, Suriname, Guianas,
Bolívia, Colômbia, Peru e Equador.
A existência de uma expressiva
diversidade biológica é determinada por fatores como a grande heterogeneidade
ambiental e a sua dimensão. Existem de 5 a 30 milhões de
plantas diferentes, a maioria não identificada.
30 mil espécies vegetais
reconhecidas, ou 10% das plantas do mundo, espalhadas em 3,7 milhões de Km2
(parte brasileira).
A Floresta Amazônica está
distribuída em diversos tipos de ecossistemas associados como: Florestas fechadas de terra firme, várzeas
ribeirinhas, campos, campinas, igapós, campinaranas.As matas alagadas possuem várias espécies arbóreas de importância econômica e estão ao alcance das enchentes anuais. As flutuações do nível da água podem chegar a 10 metros ou mais. As árvores das florestas alagadas têm várias adaptações morfológicas e fisiológicas para viverem submersas, como raízes respiratórias e sapopemas, raízes laterais situadas na base da árvore. Plantas e animais da floresta alagada vivem em função das suas diversas adaptações especiais para sobreviver durante as enchentes.
A vegetação das florestas de várzea é mais rica do que as da floresta de igapó devido à fertilidade oriunda dos sedimentos. As várzeas são especialmente ricas e produtivas. Concentrava grandes comunidades indígenas. Atualmente são desenvolvidos vários projetos agropecuários e industriais.
A região da bacia amazônica
ostenta a maior variedade de aves, primatas, roedores, jacarés, sapos, insetos,
lagartos e peixes de água doce de todo o planeta. Por ali circulam 324 espécies de
mamíferos, como a onça-pintada, a ariranha, a preguiça e o macaco-uacari. Vivem cerca de 25% da população
de primatas do globo e 70 das 334 espécies de papagaios existentes. Com relação a peixe de água doce,
concentra de 2500 a 3000 espécies diferentes. Só no Rio Negro podem ser
encontradas 450 espécies enquanto que na Europa não se contam mais de 200.
CERRADO
É o nome regional dado às savanas
Brasileiras. Estende-se pela região central do País, compreendendo os estados
de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, o oeste da Bahia, o sul
do Maranhão e parte de Piauí, chegando a Rondônia e Pará. Cerca de 85% do grande platô que
ocupa o Brasil central era originalmente dominado pela paisagem do cerrado,
representando cerca de 1,5 a 2 milhões de km2, ou aproximadamente 20% da
superfície do País. O clima típico é quente, semi úmido,
com verão chuvoso e inverno seco. A pluviosidade anual fica em torno de 800 a
1600 mm. A paisagem do cerrado é
caracterizada por extensas formações de savana, com matas ciliares ao longo dos
rios, no fundo de vale. Outras vegetações podem aparecer
na região dos cerrados, como os campos úmidos e as veredas de buritis. Nas maiores altitudes podem
ocorrer os campos rupestres.
As árvores do cerrado são muitos
peculiares, com troncos tortos, cobertos por uma cortiça grossa, e de folhas
geralmente grandes e rígidas. Muitas plantas herbáceas têm órgãos subterrâneos
para armazenar água e nutrientes. Cortiça grossa e estruturas
subterrâneas podem ser interpretadas como algumas das muitas adaptações desta
vegetação às queimadas periódicas. Acredita-se que, como em muitas
savanas do mundo, os ecossistemas de cerrado vêm coexistindo com o fogo desde
tempos remotos, inicialmente como incêndios naturais causados por relâmpagos ou
atividades vulcânicas e, posteriormente, causados pelo homem.
Mais de 1.600 espécies de
mamíferos, aves e répteis já foram identificados nos ecossistemas de cerrado. Entre
a diversidade de invertebrados, os mais notáveis são os térmitas (cupins) e as
formigas cortadeiras (saúvas). São eles os principais herbívoros do cerrado,
tendo uma grande importância no consumo e na decomposição da matéria orgânica,
constituindo uma importante fonte alimentar para outras espécies animais.
Considerado até recentemente como
um ambiente pobre, o cerrado é hoje reconhecido como a savana mais rica mundo
com a presença de alta diversidade vegetal e animal.
A fauna apresenta diversas
espécies de aves, mamíferos, anfíbios e répteis, sendo muitas delas endêmicas. Estima-se que existam no bioma
10.000 espécies plantas, sendo 4.400 endêmicas. O cerrado se constitui ainda, num
verdadeiro pomar natural, em que frutos se destacam pela variedade de formas,
cores, sabores e aromas. Centena de espécies vegetais
dessa região fornecem ao homem frutas saborosas e nutritivas, e um número
incalculável é utilizado pela fauna silvestre. Destacam-se a mangaba, cagaita,
marmelada-de-cachorro, o batiputá ou bacupari, o baru, marolo, pequi,
guabiroba, araçá, araticum, caju, jatobá e o murici.
Estudos recentes estimam o número
de plantas vasculares em torno de 5 mil. O bioma permaneceu relativamente
preservado até a década de 1950. A partir do início dos anos 60
iniciou-se um processo de ocupação e o estabelecimento de atividades agrícolas
na região o que propiciou a rápida redução da biodiversidade. Nas décadas de 1970 e 1980 muitos
programas governamentais foram lançados com o propósito de estimular o
desenvolvimento da região do cerrado. Este acelerado crescimento da
fronteira agrícola originou desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes
químicos e agrotóxicos que resultou em 67% de áreas do cerrado a serem
consideradas altamente modificadas com voçorocas, assoreamento e envenenamento
dos ecossistemas.
Atualmente, a região contribui
com mais de 70% da produção de carne bovina do País. É também um importante
centro de produção de grãos (soja, feijão, milho e arroz). Como uma atividade secundária,
grandes extensões de cerrado são ainda utilizadas na produção de polpa de
celulose para a indústria de papel. Outra atividade recentemente
implantada é o turismo. No entanto, as introduções dessas atividades reduziram
o cerrado a cerca de apenas 20% de área do bioma em estado conservado. A necessidade urgente de se criar
e manejar adequadamente novas unidades de conservação representativas do
cerrado, é de enorme importância para a preservação da rica e variada
biodiversidade deste bioma.
CAATINGA
Considerado como o único bioma
exclusivamente brasileiro, está localizado na faixa sub-equatorial, entre a
floresta amazônica e a floresta atlântica, compreendendo quase 10% da área
total do território brasileiro, com aproximadamente 740.000 km2. Abrange os estados do Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, sul e leste do
Piauí e norte de Minas Gerais. Possui um clima semi-árido com
temperaturas médias anuais entre 27ºC e 29ºC, e índices pluviométricos
irregulares variando de 250 a 1000mm por ano, concentrando-se durante 3 a 5
meses. Na estação seca a temperatura do solo, que é raso, pedregoso e alcalino,
pode chegar a 60ºC. A vegetação da caatinga é
extremamente diversificada proporcionando a ocorrência de espécies adaptadas às
condições do ambiente (solo e clima). As espécies arbóreas e arbustivas
apresentam folhas pequenas ou modificadas em espinhos, outras, com raízes
superficiais para absorver o máximo de águas pluviais. Foram registradas cerca de 932
espécies vegetais, sendo 380 endêmicas. Algumas das espécies nativas da
caatinga são: barriguda, amburana, aroeira, umbu, baraúna, maniçoba, macambira,
mandacaru e juazeiro.
A paisagem mais comum da caatinga
é aquela apresentada durante a seca. As plantas apresentam um aspecto
seco porém não estão mortas, apenas perdem as suas folhas para suportar a
ausência de água. Suas folhas são caducas ou
caducifólias, ou seja, caem na época da seca.
Os rios são intermitentes, correm
apenas durante o período de chuvas, tendo seus cursos interrompidos durante a
estação seca. O escoamento superficial é
intenso, pois os solos são rasos e situados acima de lajedos cristalinos. Após as chuvas as plantas
florescem e os animais se reproduzem, deixando descendentes que já possuem
adaptações para suportar o longo período de seca seguinte. Mesmo durante a seca, a vida
animal também é rica e diversificada. Espalhados pela caatinga existem
regiões úmidas e de solo fértil chamadas de “brejos”.
Vive na caatinga as duas espécies
de aves mais ameaçadas de extinção do país a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)
e a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari).
Alguns animais típicos da
caatinga são o sapo cururu, asa-branca, cotia, preá, veado catingueiro,
tatu-peba, sagüi-do-nordeste e cachorro-do-mato.
O sertão nordestino é uma das
regiões semi-áridas mais populosas do mundo. Os principais problemas que
ameaçam o bioma são: não utilização de técnicas
adequadas em sistemas de irrigação o que resultou na salinização de
determinadas áreas e tornou a agricultura impraticável, a contaminação da água
por agrotóxicos e o corte ilegal da vegetação nativa para a produção de lenha e
carvão por parte de siderúrgicas e olarias.
Todos esses fatores têm
contribuído na transformação de aproximadamente 40mil km2 da caatinga em áreas
desérticas.
MATA
ATLÂNTICA
Os primeiros estudos e registros
sobre a Mata Atlântica mostram que esta floresta cobria boa parte do litoral
brasileiro, estendendo-se tanto na região litorânea como nos planaltos e serras
do interior. Até 1850 foram devastadas enormes
áreas de mata em busca dos recursos naturais existentes, o primeiro a ser
explorado foi o Pau Brasil (Caesalpinia echinata) que ocorria em toda a
extensão da Floresta. Fatores como a mineração, os
ciclos da cana-de-açúcar, do café, a pecuária, o processo desordenado de
ocupação e a industrialização, contribuíram para a redução desse bioma.
Localizada sobre uma imensa
cadeia de montanhas, ao longo da costa brasileira, seu substrato dominante
compreende rochas cristalinas. As montanhas mais antigas foram
formadas por atividades tectônicas enquanto que os seus morros arredondados
foram formados por grandes blocos normalmente de rochas magmáticas.
O solo apresenta pH ácido, é
pouco ventilado, sempre úmido, bastante raso e extremamente pobre, recebendo
pouca luz devido à absorção dos raios solares pelo extrato arbóreo. O solo raso e encharcado é
favorável ao desbarrancamento e à erosão.
Apresenta um alto índice
pluviométrico chegando a valores entre 1800 a 3600mm por ano, devido a
condensação da brisa oceânica carregada de vapor que é empurrada para as
regiões continentais.
Nesse bioma a maioria dos rios é
perene, possuindo rios de águas claras e rios de águas pretas. Os rios alimentados pela chuva
são chamados “rios de água clara” que com maior intensidade, contribuem para a
sua mudança de curso, resultando na erosão de suas margens externas e acúmulo
de sedimento nas margens internas. Os rios de “água preta”, que
possuem lentos cursos de água, drenam as planícies das restingas e mangues,
recebendo grande quantidade de matéria-orgânica ainda em decomposição, o que
lhes confere a coloração escuta. São rios que formam os estuários
e, portanto, possuem relação com a água salgada, dependendo das condições da
maré e da época do ano. A partir da mudança de curso,
também podem ser formadas lagoas de água doce, brejos e lagunas de água salobra
(próximas ao mar).
A fauna da Floresta Atlântica é
uma das mais ricas em diversidade de espécies, estando entre as cinco regiões
do mundo com maior número de espécies endêmicas. Apresenta uma das mais elevadas
riquezas de aves do planeta. Com a possibilidade de existirem
diversas espécies desconhecidas, os mamíferos são os componentes que mais
sofreram com os vastos desmatamentos e a caça. Possui alto grau de endemismo
devido ao processo de evolução das espécies, em área isolada das demais bacias
hidrográficas brasileiras. Aves: 1020 espécies, 188
endêmicas, 104 ameaçadas de extinção. Mamíferos: 250 espécies, 55
endêmicas. Anfíbios: 370 espécies, 90 são
endêmicas. Répteis: 150 espécies. Peixes: 350 espécies, 133 são
endêmicas.
A vegetação presente nos
ecossistemas da Mata Atlântica são formações florestais e não florestais, tais
como: Floresta Ombrófila Densa, Floresta
Ombrófila Aberta, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual,
Floresta Estacional Decidual, Manguezais, Restingas, Campos de Altitude, Brejos
Interioranos, Encraves Florestais do Nordeste.
Atualmente, os principais fatores
de degradação da Mata Atlântica são o crescimento urbano e o consumo
desordenado de seus recursos naturais. Este bioma possui uma grande
importância social, econômica e ambiental para o país. Restam apenas 8% da cobertura
original.
É necessário que sejam adotadas
medidas eficientes para a conservação, recuperação e o efetivo incentivo do seu
uso sustentável.
PANTANAL
Com uma área aproximada de
496.000Km2 somente 140.000 km2 são áreas de planície alagável. A planície do
pantanal é considerada a maior área úmida contínua do mundo.
Formada por uma grande bacia
sedimentar, sua altitude varia de 75 a 100m acima do nível do mar. Este bioma engloba os estados de Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul, e ainda uma pequena parte do território da Bolívia e
Paraguai. A planície do pantanal se insere
na chamada bacia hidrográfica do alto Paraguai, formada por tributários do Rio
Paraguai provenientes das cabeceiras do Planalto Central do Brasil. Os principais rios existentes no
Pantanal são: o Rio Paraguai, Prata, Cuiabá, Taquari, Miranda, Aquidauana,
Pantanal do Rio Negro e Taboco.
O clima da região é o tropical
semi-úmido, e o índice pluviométrico médio gira em torno de 1500mm por ano,
onde as chuvas se concentram no período do verão. A temperatura média anual varia
entre 17ºC e 23ºC, podendo atingir mínimas de 0ºC no inverno devido a massas
polares que penetram pelos vales do sistema Paraná-Paraguai. As maiores temperaturas, acima de
40ºC, são registradas nos arredores da cidade de Cuiabá.
Estima-se que existam 650
espécies de aves, 260 de peixes e 50 de répteis. Além de servir de habitat para
várias espécies raras e ameaçadas, a região tem uma alta taxa de produtividade,
permitindo inclusive o desfrute comercial de algumas essências nativas. A fauna é bastante rica e
diversificada, porém, há muitas espécies ameaçadas de extinção como a capivara,
tamanduá-bandeira, veado-mateiro, onça pintada, entre outros. O Tuiuiú ou Jaburu (Jabiru
mycteria), ave-símbolo do Pantanal, com as asas abertas ultrapassa os 2 metros
de envergadura. O maior peixe do Pantanal é o jaú
que pode atingir 1,5m de comprimento e pesar até 120Kg.
Estimativas recentes indicam que
cerca 20% da cobertura vegetal original da região já foi modificada. Apesar de todos os impactos que a
região tem sofrido, grande parte dela permanece ainda intacta ou pouco
alterada, mantendo populações significativas de espécies raras e ameaçadas. Desenvolveu-se na região uma
cultura bastante sintonizada com o seu meio, conseguindo unir exploração
econômica à manutenção do patrimônio natural da região.
Esse quadro que vem sendo
alterado, em função da pressão pela intensificação de sua produtividade
econômica.
A vegetação do Pantanal é um
mosaico de matas, cerradões, savanas, campos inundáveis de diversos tipos,
brejos e lagoas.
A flora pantaneira tem alto
potencial econômico como as pastagens nativas, plantas apícolas, comestíveis,
taníferas e medicinais.
Margeando os rios encontram-se as
matas-ciliares ou matas de galeria, que são formadas por vegetais de grande e
médio porte, intercalados por arbustos e ricas em trepadeiras ou lianas. Entre as espécies vegetais mais
comuns nessas matas estão o tucum, o jenipapo, o cambará e o pau-de-novato.
Em regiões mais baixas e úmidas,
onde as gramíneas predominam, encontram-se os campos limpos, pastagens ideais
para a criação do gado que lá convive em harmonia com muitas espécies de
animais silvestres.
Em pequenas elevações, quando o
solo é rico, encontram-se capões de mato formados por árvores de porte elevado,
como aroeira, imbiruçu, angico e ipês.
Durante as chuvas, a maioria dos
campos limpos é inundada, mas os capões permanecem secos.
A região tem atraído a atenção de
diversas organizações conservacionistas em função da riqueza de sua vida silvestre,
e do importante papel que exerce como reguladora do hidrológico de toda a bacia
do rio da Prata.
A maioria das ameaças ao
equilíbrio da região está associada a formas de manejo e uso da terra baseada
em técnicas não sustentáveis como: Poluição de sistemas aquáticos, monocultura,
queimadas e desmatamentos, turismo praticado fora dos padrões ambientalmente
adequados, assoreamentos provocados pelo desmatamento de matas ciliares, contaminação
de peixes por mercúrio, caça predatória de animais silvestres.
PAMPAS OU
CAMPOS SULINOS
Este bioma abrange uma área de
210mil km2, que se estende pelo Rio Grande do Sul e ultrapassa as fronteiras
com o Uruguai e Argentina. Marcados pelo clima subtropical,
apresentam temperaturas amenas e chuvas regulares durante todo o ano. No verão
pode alcançar altas temperaturas chegando a 35ºC, enquanto que o inverno é
marcado por geadas e neve em algumas regiões, podendo marcar temperaturas
negativas. A precipitação anual está em
torno de 1200mm, com chuvas concentradas nos meses de inverno. O clima é frio e
úmido. A vegetação é predominantemente
herbácea, com alturas que variam de 10 a 50cm. A paisagem é homogênea e plana,
assemelhando-se, a um imenso tapete verde.
No litoral do Rio Grande do Sul,
a paisagem já se apresenta diferenciada, com ambientes alagados e com vegetação
formada por espécies como o junco, gravatás e aguapés. Nas encostas do planalto, ocorrem
os chamados campos altos, área de transição com predomínio de araucárias, sendo
mais conhecida como Mata dos Pinhais.
Agricultores e pecuaristas foram
atraídos para a região devido ao seu solo fértil e condições naturais
favoráveis, o que ocasionou uma desordenada expansão, gerando um acelerado
desgaste do solo e iniciando um processo de desertificação em algumas áreas
desse bioma. A conversão dos campos em outros
tipos de uso vem transformando profundamente sua paisagem e colocando suas
espécies sob ameaça de extinção. As queimadas ilegais, praticadas
anualmente, estão entre os principais problemas que afetam os Campos Sulinos. A expansão dos plantios de soja
tem descaracterizado intensamente a paisagem.
Possuem uma diversidade de mais
de 515 espécies vegetais, tendo as árvores de maior porte como fornecedoras de
madeira.
Já os terrenos planos das
planícies e planaltos gaúchos e as coxilhas, são colonizados por espécies
pioneiras campestres que formam uma vegetação tipo savana aberta.
É um dos ecossistemas mais ricos
em relação à biodiversidade de espécies animais, contando com espécies
endêmicas, raras, ameaçadas de extinção, espécies migratórias, cinegéticas e de
interesse econômico.
As principais espécies ameaçadas
de extinção são: Onça-pintada, jaguatirica, macaco
mono-carvoeiro, macaco-prego, guariba, mico-leão-dourado, preguiça-de-coleira,
caxinguelê.
Entre as aves destacam-se o jacu,
o macuco, a jacutinga, o tiê-sangue, a araponga, o sanhaço, numerosos
beija-flores, tucanos, saíras e gaturamos.
Entre os mamíferos, 39% também
são endêmicos, o mesmo ocorrendo com a maioria das borboletas, dos répteis, dos
anfíbios e das aves nativas.
Neste bioma sobrevivem mais de 20
espécies de primatas, a maior parte delas endêmicas.
ZONA
COSTEIRA E MARINHA
A costa brasileira abriga um
mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental.
Ao longo do litoral brasileiro
podemos encontrar manguezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões
rochosos, baías, brejos, falésias, estuários, recifes de corais e outros
ambientes importantes do ponto de vista ecológico. Devido às diferenças climáticas e
geológicas da costa brasileira encontraremos diferentes espécies de animais e
vegetais em cada ambiente. Os manguezais, de expressiva
ocorrência na zona costeira, cumprem funções essenciais na reprodução biótica
da vida marinha. A maior presença residual de Mata
Atlântica está situada na zona costeira.
Iniciando na foz do rio Oiapoque
e estendendo-se até o delta do rio Parnaíba, o litoral amazônico apresenta
grande extensão de manguezais exuberantes, assim como matas de várzeas de
marés, campos de dunas e praias, abrigando uma rica biodiversidade de espécies
de crustáceos, peixes e aves. Começando na foz do rio Parnaíba
e indo até o Recôncavo Baiano, o litoral nordestino é marcado pela presença de
recifes calcíferos e areníticos, além de dunas que quando perdem a cobertura
vegetal que as fixam, movem-se com a ação do vento. Ocorrem também manguezais,
restingas e matas.
Nas águas do litoral nordestino
vivem o peixe-boi marinho e a tartaruga marinha, ambos ameaçados de extinção. O litoral sudeste segue do
Recôncavo Baiano até o Estado de São Paulo,sendo a área mais densamente povoada
e industrializada do País. Tem como característica áreas de
falésias, recifes e praias de areias monazíticas (mineral de cor
marrom-escura). É denominada pela Serra do Mar e
tem a costa muito recortada, com várias baías e pequenas enseadas, cujo
ecossistema mais importante vem a ser a Mata de Restinga com espécies ameaçadas
de extinção como o mico-leão-dourado e a preguiça-de-coleira.
O litoral sul começa no Estado do
Paraná e termina no Rio Grande do Sul. Conta com muitas áreas de
banhados e manguezais, cujos ecossistemas proporcionam a presença de diversas
espécies de aves e mamíferos como capivaras, além de espécies como o
ratão-do-banhado e de lontras que estão ameaçadas de extinção.
A densidade demográfica média da
zona costeira brasileira fica em torno de 87hab/km2, sendo cinco vezes superior
à média nacional que é de 17hab/ km2. Nota-se através da densidade
demográfica que a formação territorial foi estruturada a partir da costa, tendo
o litoral como centro difusor de frentes povoadoras. Metade da população brasileira
reside numa faixa de até duzentos quilômetros do mar, e sua forma de vida
impacta diretamente os ecossistemas litorâneos. Os espaços litorâneos possuem
riquezas significativas de recursos naturais e ambientais. Com a intensidade que o processo
de ocupação desordenado vem ocorrendo, todos os ecossistemas presentes na costa
litorânea do Brasil estão sob ameaça. A zona costeira apresenta
situações que necessitam tanto de ações preventivas como corretivas para o seu
planejamento e gestão, a fim de atingir padrões de sustentabilidade para estes
ecossistemas.
O Brasil apresenta uma das
maiores extensões de manguezais do mundo: desde o Cabo Orange no Amapá até o
município de Laguna em Santa Catarina. O manguezal ocupa uma superfície
total de mais de 10.000 km², a grande maioria na Costa Norte. No passado, a extensão dos
manguezais brasileiros era muito maior, porém a construção de portos,
indústrias, loteamentos e rodovias costeiras fez com que sua destruição fosse
acelerada. Os manguezais não são muito ricos
em espécies mas destacam-se pela grande abundância das populações que neles
vivem, por isso podem ser considerados um dos mais produtivos ambientes
naturais do Brasil.
Somente três árvores constituem
as florestas de mangue: o mangue vermelho (Rhizophora mangle), o mangue seriba
(Avicennia sp.) e o mangue branco (Laguncularia racemosa). As árvores são acompanhadas por
um pequeno número de outras plantas, tais como a samambaia do mangue, o hibisco
e as gramíneas. Ricas comunidades de algas
crescem sobre as raízes aéreas das árvores na faixa coberta pela maré.
Quanto à fauna, destacam-se
várias espécies de caranguejos, formando enormes populações nos fundos lodosos.
Nos troncos submersos, vários
animais filtradores alimentam-se de partículas suspensas na água, a exemplo as
ostras. A maioria dos caranguejos são
ativos na maré baixa, enquanto os moluscos alimentam-se durante a maré alta. Muitos dos peixes que constituem
o estoque pesqueiro das águas costeiras dependem das fontes alimentares do
manguezal. Diversas espécies de aves comedoras
de peixes e de invertebrados marinhos nidificam nas árvores do manguezal,
alimentam-se na maré baixa.
Os manguezais fornecem uma rica
alimentação protéica para a população litorânea. A pesca artesanal de peixes,
camarões, caranguejos e moluscos é para os moradores do litoral, a principal
fonte de subsistência.
De grande importância econômica e
social, o manguezal foi sempre considerado um ambiente pouco atrativo e
menosprezado. No passado, a presença do mangue
estava intimamente associada à febre amarela e à malária. Embora estas enfermidades já
tenham sido controladas, a atitude negativa em relação a este ecossistema
perdura em expressões populares onde a palavra mangue, infelizmente, adquiriu o
sentido de desordem, sujeira ou local suspeito. A destruição gratuita, a poluição
doméstica e química das águas, derramamentos de petróleo e aterros mal
planejados, são os grandes inimigos do manguezal.
Alerta
Indubitavelmente o Brasil é um
dos países mais ricos, em se tratando de biodiversidade. Porém o acelerado
crescimento da população humana, aliado a ocupação inadequada do solo através
da agricultura e da pecuária tem ocasionado a destruição desta riqueza. Cabe a
nós e ao poder publico buscar meios de se conservar esta biodiversidade encontrada
nos biomas brasileiros. O uso sustentável dos recursos naturais é uma ótima
alternativa, pois desta forma teremos estes recursos por um período bem maior
de tempo, que servirá para nós, aqui no presente, bem como para nossos
descendentes no futuro.
Fonte: Miguel Jeronymo Filho
Comentários
Postar um comentário