Água e Solos
A agropecuária é hoje a maior
forma de utilização da terra. É graças a ela que nos alimentamos, nos vestimos,
nos transportamos, moramos, vivemos. Por isso, precisa e deve ser desenvolvida
de forma a garantir que os recursos naturais sejam conservados, para que a vida
no futuro não seja comprometida.
Atualmente, os maiores danos
causados ao meio ambiente são consequências de desmatamentos, queimadas e uso
indiscriminado e irracional de agroquímicos, acarretando redução da
biodiversidade, aumento da emissão de gases de efeito estufa (GEE), bem como
degradação do solo e poluição da água.
Muito já se fez, se faz e ainda
será feito para mudar esse cenário. Alternativas sustentáveis buscam melhorar a
forma de lidar com o solo e com a água, componentes vitais e fundamentais para
o homem. Com essa preocupação, soluções para garantir a sustentabilidade da
agropecuária são estudadas e implantadas pela pesquisa brasileira e pelo setor
produtivo, com o objetivo de inovar, melhorar, modernizar e trabalhar o campo
para garantir a manutenção, conservação e perpetuação dos recursos naturais.
Essas soluções tecnológicas são
desenvolvidas para amenizar os impactos das atividades agropecuárias no
ambiente. São práticas que mantém ou melhoram os atributos físicos, químicos e biológicos
do solo e possibilitam a manutenção da água limpa e abundante. Permitem, ainda,
que as atividades agropecuárias tenham maior produtividade, sem necessidade de
expansão para novas áreas ou perda dos recursos naturais, além de
possibilitarem a regulação de fluxos de água, evitando os confrontos
natureza-homem e natureza-natureza, como enchentes, erosões e deslizamentos de
terra.
Água
A agricultura, em termos
proporcionais, é a maior usuária dos recursos hídricos do planeta, consumindo
cerca de 70% de toda a água doce utilizada pelo homem. No Brasil, essa
proporção está por volta de 60%. As reservas estão cada vez mais restritas. E,
a cada dia, maior quantidade de água potável é necessária para suprir a demanda
das cidades. Ainda é preciso lidar com a seca, fator natural que causa a
escassez em algumas regiões, e com os danos causados pelo homem, como a
poluição por esgotos e por diferentes tipos de resíduos, inclusive da
agricultura.
Solo
O solo é considerado não apenas
um meio pelo qual se produz alimentos, fibras e energia, mas um componente vivo
que fornece nutrientes às plantas, além de ser um reservatório de carbono e
água e de abrigar uma enorme diversidade de organismos. Quando trabalhado de
forma inadequada, as consequências são inúmeras, entre elas a erosão e a
diminuição de produtividade e qualidade.
O solo possui uma riquíssima
proteção natural: a cobertura vegetal. Nela existem organismos que asseguram
todo um complexo ciclo biológico. Quando o homem destrói essa proteção, o solo
fica exposto à ação de ventos, chuvas, incidência solar e altas temperaturas,
que, além de comprometerem a estrutura viva ali existente, deixam o solo
improdutivo, podendo causar perdas por erosões.
Tecnologias
para uso adequado da água e do solo
Para trabalhar de forma adequada
o solo e a água, é preciso entender o funcionamento dos ambientes agrícolas.
Isso significa: definir quais são as melhores recomendações e procedimentos
para os grandes, médios e pequenos produtores; oferecer ao setor produtivo
possibilidades para usar as diferentes classes de solo, bem como as formas mais
eficientes de irrigação; além de fornecer alternativas para reaproveitar
resíduos como fertilizantes e, até mesmo, identificar quais são os sistemas
agrícolas mais adequados a uma determinada região. O objetivo é aumentar os
impactos ambientais positivos na relação homem- natureza por meio de manejo
sustentável de solo, água e biodiversidade.
E, para fortalecer e garantir
essa relação, o conhecimento e o desenvolvimento tecnológico são adotados por
boa parte do setor produtivo para conhecimento dos recursos naturais e,
especialmente, dos recursos de solo e água. Para isso, são usados sistemas de
classificação, como o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), o
Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras (SAAAT) e o Sistema
Brasileiro de Classificação de Terras para Irrigação (SiBCTI). Essas
tecnologias ordenam e classificam o conhecimento, analisam as características
morfológicas, químicas, físicas e minerais de forma conjunta e são aplicadas em
planejamentos e zoneamentos, buscando otimizar o uso da terra conforme a sua
capacidade de exploração e recuperação. Já tecnologias como o Sistema Plantio
Direto (SPD), os Sistemas de Integração Lavoura Pecuária Pastagem (iLPF) e a
reincorporação de pastagens degradadas no sistema produtivo permitem o manejo
adequado do solo e da água e possibilitam o uso mais eficiente e sustentável da
terra pelo produtor, com consequências benéficas para o meio ambiente. Há ainda
técnicas que otimizam o uso da água no meio rural, como as barraginhas e as
barragens subterrâneas, que captam as águas da chuva para o uso racional,
principalmente no período da seca. As possibilidades são muitas e os
resultados, duradouros.
Ao longo do tempo, trabalhando de
forma sustentável, foi possível aumentar a produção de grãos, fibras e energia
sem expandir as áreas agrícolas, com baixo impacto ambiental e uso mais
adequado de insumos como fertilizantes, corretivos, agrotóxicos, entre outros.
Com isso, áreas quase improdutivas puderam ser transformadas em grandes centros
de produção, como o Cerrado e o Nordeste brasileiro. Foi possível, também,
contribuir para a diminuição da pobreza em várias regiões e apoiar a
estabilidade da economia do País, uma vez que os produtos gerados de forma
ambientalmente e socialmente corretas são mais valorizados no mercado
internacional. As conquistas brasileiras no setor agrícola ambiental estão
alcançando novas fronteiras. Países da África e da América Latina já se
beneficiam do sucesso do trabalho verde-amarelo.
Fonte: www.agrosustentavel.com.br
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