Responsabilidade Compartilhada
Vive-se um momento de crise
ecológica e falência do sistema capitalista, pautado na exploração ilimitada e
irresponsável da natureza. A intensa geração de resíduos é um dos problemas com
o qual sociedade contemporânea tem que lidar. A problemática dos resíduos está
ligada ao paradigma atual, mecanicista, cartesiano e antropocêntrico, que vê na
natureza apenas o valor que esta pode dar aos homens. Os problemas que geram a
crise ecológica são decorrentes do modelo desenvolvimentista adotado e do
próprio êxito da sociedade moderna pós-industrial.
A problemática dos resíduos é uma
questão complexa, que envolve os hábitos de consumo, a forma de vida das
pessoas e o próprio problema do atual paradigma. Grande parte dos resíduos
sólidos é composta por embalagens, que representam um desperdício de
matérias-primas, pois, assim que consumido o produto, serão descartadas e
depositadas no meio ambiente, causando impactos ambientais. Tendo em vista tal
ponto, a pesquisa parte da inquietação com o desperdício e com a grande
quantidade de embalagens geradas e descartadas, por bem exemplificarem a
insustentabilidade da cadeia de produção e consumo.
Essa questão foi bem identificada
pelo legislador ao promulgar a Lei 12.305/2010 – Política Nacional de Resíduos
Sólidos- que deu foco especial para as prioridades de não geração e redução de
resíduos. Para atingir as avançadas metas propostas pela lei, foi instituída a
Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos, envolvendo
fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e poder
público. Esta responsabilidade é encadeada e individualizada, ou seja, cada
sujeito tem deveres específicos e relacionados a determinadas etapas do ciclo
de vida dos produtos. Diante disso, busca-se analisar a Responsabilidade
Compartilhada tal como proposta pela Lei 12.305/2010 e se ela é capaz de
promover padrões de produção e consumo mais sustentáveis.
Estudar a problemática das
embalagens decorrente do insustentável sistema de produção e consumo, com base
na Lei 12.305/2010, é de extrema relevância jurídica e importância social. Cabe
melhor analisar este tema, pois a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida das embalagens ainda não foi muito debatida na academia e é extremamente
escassa a bibliografia a seu respeito. Além disso, justifica-se a escolha do
tema por tratar-se de um problema enfrentado pela sociedade contemporânea e,
também, por analisar da inovação dada ao tratamento de resíduos sólidos no
Brasil pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, de dois de agosto de 2010.
O que pode ser feito é analisar
problemas do sistema de produção e consumo do paradigma atual antropocêntrico,
que é reproduzido pela sociedade, e sua insustentabilidade, utilizando-se o
exemplo das embalagens. Em seguida, analisar a responsabilidade compartilha
pelo ciclo de vida das embalagens, prevista pela Lei 12.305/2010, e seu
potencial de promover padrões sustentáveis de produção e consumo.
Fonte: Flávia França Dinnebier
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