Influência humana é clara no aquecimento inequívoco do planeta
O aquecimento do planeta é
“inequívoco”, a influência humana no aumento da temperatura global é “clara”, e
limitar os efeitos das mudanças climáticas vai requerer reduções “substanciais
e sustentadas” das emissões de gases de efeito estufa. A conclusão é do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que divulgou nesta
quinta-feira 30 de Janeiro 2014, em Genebra, a primeira parte do quinto
relatório sobre o tema.
Os cientistas do IPCC – que já
foram premiados com o Nobel da Paz em 2007 – fizeram um apelo enfático para a
redução de gases poluentes. “A continuidade das emissões vai continuar causando
mudanças e aquecimento em todos os componentes do sistema climático”, afirmou
Thomas Stocker, coordenador e principal autor da Parte 1 do quinto Relatório sobre
Mudanças Climáticas, cuja versão preliminar já foi apresentada em setembro de
2013.
O documento serviu de base
durante a Conferência das Partes (COP) das Nações Unidas sobre o Clima em
Varsóvia, na Polônia, no final do ano passado. Em 1500 páginas, cientistas de
todo o mundo se debruçaram sobre as bases físicas das mudanças climáticas,
apoiados em mais de 9 mil publicações científicas.
“O relatório apresenta
informações sobre o que muda no clima, os motivos para as mudanças e como ele
vai mudar no futuro”, disse Stocker.
Correções – A versão final divulgada
nesta quinta é um texto revisado e editado e não tem muitas mudanças em relação
ao documento apresentado em setembro do ano passado, que elevou o alerta pelo
aquecimento global e destacou a influência da ação humana no processo.
“A influência humana no clima é
clara”, afirma o texto. “Ela foi detectada no aquecimento da atmosfera e dos
oceanos, nas mudanças nos ciclos globais de precipitação, e nas mudanças de
alguns extremos no clima.”
Segundo o IPCC, desde a década de
1950, muitas das mudanças observadas no clima não tiveram precedentes nas
décadas de milênios anteriores. “A atmosfera e os oceanos estão mais quentes, o
volume de neve e de gelo diminuíram, os níveis dos oceanos subiram e a concentração
de gases poluentes aumentou”, diz um resumo do documento.
“Cada uma das últimas três
décadas foi sucessivamente mais quente na superfície terrestre que qualquer
década desde 1850. No hemisfério norte, o período entre 1983 e 2012
provavelmente foi o intervalo de 30 anos mais quente dos últimos 800 anos”,
prossegue.
Aquecimento dos oceanos – O grupo de
cientistas também lembra que o aquecimento dos oceanos domina o aumento de
energia acumulada no sistema climático, e que os mares são responsáveis por mais
de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010.
“É praticamente certo que o
oceano superior (até 700m de profundidade) aqueceu neste período, enquanto é
apenas provável que tenha acontecido o mesmo entre 1870 e 1970″, diz o
relatório.
O nível dos mares também aumentou
mais desde meados do século 20 que durante os dois milênios anteriores, segundo
estima o IPCC. Entre 1901 e 2010, o nível médio dos oceanos teria aumentado
cerca de 20 centímetros, diz o documento.
As concentrações atmosféricas de
dióxido de carbono, metano e protóxido de nitrogênio (conhecido como gás
hilariante) aumentaram, principalmente por causa da ação humana. Tais aumentos
se devem especialmente às emissões oriundas de combustíveis fósseis. Os
oceanos, por exemplo, sofrem acidificação por absorver uma parte do CO2
emitido.
Futuro sombrio – A temperatura
global deverá ultrapassar 1,5ºC até o final deste século em comparação com
níveis estimados entre 1850 e 1900. O aquecimento global também deverá
continuar além de 2100, mas não será uniforme, dizem os cientistas do clima. As
mudanças nos ciclos da água no mundo também não serão homogêneos neste século,
e o contraste entre regiões secas e úmidas e regiões de seca e de chuvas deverá
aumentar.
O resumo do texto ainda constata
que a acumulação de emissões de CO2 deverá ser determinante para o aquecimento
global no final do século 21 e adiante. “A maioria dos efeitos das mudanças
climáticas deverão perdurar por vários séculos, mesmo com o fim das emissões.”
Até outubro, o IPCC ainda vai
publicar mais duas partes do relatório e também um documento final. A segunda
parte será divulgada em março, no Japão, e detalhará os impactos, a adaptação e
a vulnerabilidade a mudanças climáticas. Em abril, Berlim será palco das
conclusões do IPCC sobre mitigação.
Fonte: www.ambientebrasil.com.br
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