Erosão e manejo do solo
Pode-se dizer que de todos os
recursos naturais existentes no planeta, o solo é um dos mais instáveis quando
modificado, ou seja, quando sua camada protetora é retirada.
Processos erosivos ocorrem de
forma moderada em um solo coberto, sendo esta erosão chamada de geológica ou
normal.
Uma vez modificado, para cultivo
ou desprovido de sua vegetação originária têm início a erosão, capaz de remover
mil vezes mais material do que se este mesmo solo estivesse coberto. Por ano o
Brasil perde aproximadamente 500 milhões de toneladas de solos através da
erosão.
O arraste de partículas
constituintes do solo se dá pela ação de fatores naturais como água, vento,
ondas que são tipos de erosão, além da própria erosão geológica ou normal que
tem por finalidade nivelar a superfície terrestre.
Manejo
Dependendo da cultura a ser
praticada, faz-se necessárias algumas medidas de precaução para que se controle
o efeito erosivo do solo.
Por exemplo, em uma cultura de
cana-de-açúcar os danos podem ser minimizados preparando o solo e realizando o
plantio em linhas de nível. Porém, como cada cultura requer um tratamento
específico, utiliza-se também o plantio de faixas de cultura com alguns níveis
de vegetação densa ou nativa intercaladas, sendo de grande eficiência contra
enxurradas e erosão.
Outra opção, já bastante
difundida principalmente para que os nutrientes do solo se recomponham, é a
rotação de culturas. Propicia uma maior cobertura, melhora as condições físicas
do solo, reduz a erosão e enxurrada desde que esta área em descanso esteja
recoberta por uma vegetação rasteira para que a água da chuva não impacte o
solo desnudo.
O
sofrimento do solo
A queima em si, não importa se de
cana-de-açúcar ou qualquer outro tipo de vegetação que envolva grandes
extensões territoriais é em primeiro lugar uma agressão a todo o ecossistema.
Normalmente, as discussões contemplam o ar atmosférico, que visualmente é o
mais afetado. No entanto, o solo, responsável primeiro pela fixação,
crescimento e nutrição da cana-de-açúcar, é costumeiramente esquecido.
É importante ser salientado que o
solo não é constituído apenas de minerais; ele é vivo, há uma grande variedade
de microorganismos que, por meio de diversos processos químicos e bioquímicos,
possibilitam a transformação de substâncias muitas vezes consideradas como
carga e/ou suporte, em nutrientes de elevada qualidade. Na queima, esses
microorganismos são simplesmente eliminados.
A matéria orgânica, tão
importante para o fornecimento de nitrogênio, fósforo e potássio, sob a forma
de sais solúveis e assimiláveis, imprescindíveis ao desenvolvimento, não apenas
da cana-de-açúcar, como de qualquer vegetal, também é total ou parcialmente
destruída, transformando-se em carvão finamente dividido que irá, ano após ano,
queimada após queimada, se fixando ao solo, reduzindo consequentemente a
produção, obrigando cada vez mais, ser o local adubado e tratado
artificialmente, sem se comentar os malefícios que faz às vias respiratórias
dos seres vivos.
Um aspecto pouco comentado e
difundido, mais um prejuízo causado ao solo pela queimada é a redução de
umidade natural dele até uma profundidade de aproximadamente 10 centímetros,
quando não apenas microorganismos, porém outros tipos de animais e vegetais que
lá convivem em equilíbrio, aerando, umidificando, estabilizando o pH do solo,
são simplesmente eliminados, seja pelo calor ou por desidratação, quando da
queimada, obrigando mais uma vez o agricultor a oneroso tratamento artificial
da área a ser replantada. Estes são alguns problemas acarretados ao solo pelas
queimadas. É importante lembrar também os prejuízos causados à flora e fauna
que habitam os canaviais e locais próximos, a impossibilidade de fuga de pequenos
animais e insetos que mantêm o sistema em equilíbrio, devido à velocidade de
propagação das chamas e a elevada poluição e aumento de temperatura causados ao
ar atmosférico. Isto posto, ficam minhas dúvidas: os problemas
sócio-econômicos, sempre levantados quando se colocam outras alternativas
técnicas que não as queimadas para a colheita da cana-de-açúcar não teriam
solução com um melhor desempenho do processo do plantio ao corte, do corte à
industrialização, da industrialização ao transporte e do transporte ao consumo,
principalmente quando a região tem condições para tal?
Os problemas sócio-econômicos que
nossos filhos irão sentir quando as terras ficarem exauridas e o ar poluído não
serão suficientes para nos fazer repensar?
Fonte: www.ambientebrasil.com.br
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