Geoengenharia pode destruir azul do céu
Céu
branco
Além dos efeitos não previstos, a
ideia de injetar aerossóis na alta atmosfera da Terra para minimizar os efeitos
do aquecimento global pode ter um efeito bem visível: destruir o azul do céu.
Há mais críticos do que adeptos
às propostas de manipular deliberadamente o clima terrestre, que é a proposta
básica da geoengenharia.
Recentemente, um experimento para
testar a ideia de aspergir água do mar a uma altitude de 1 km na atmosfera,
proposto por cientistas do Reino Unido, foi proibido pelas autoridades.
Vários cientistas já haviam
alertado que a aspersão dos aerossóis poderia ter como efeito esbranquiçar o
céu. Mas agora o efeito foi quantificado.
Vermelho
vence o azul
Ben Kravitz e seus colegas da
Instituição Carnegie para a Ciência, nos Estados Unidos, demonstraram que as
partículas de sulfato que alguns propõem lançar no ar causariam um maior
espalhamento da luz solar na atmosfera.
Isto reduziria em cerca de 20% a
quantidade de luz que viria diretamente para o solo, tornando o brilho do Sol
mais difuso, mais "apagado", dando um tom esbranquiçado ao céu.
O azul do céu vem da luz sendo
refletida pelas moléculas no ar. Esse espalhamento da luz é muito mais forte
para os comprimentos de onda mais curtos - na faixa do azul - do que nos
comprimentos de onda mais longos - na faixa do vermelho.
As partículas de aerossol que
alguns cientistas planejam jogar na atmosfera, contudo, são muito maiores do
que as moléculas do ar.
Com isso, elas causariam uma
difusão muito mais forte da luz vermelha, "lavando" o azul produzido
pelas moléculas menores.
Isto tornaria o céu mais
brilhante e virtualmente branco.
Segundo os pesquisadores, o
efeito gerado seria similar ao que ocorre depois de grandes erupções
vulcânicas.
Efeitos
imprevisíveis
Os efeitos iriam além da simples
aparência do céu, que ficaria de 3 a 5 vezes menos azul.
Segundo os pesquisadores, os
efeitos afetariam diretamente a geração de energia solar, uma vez que uma
quantidade de luz muito menor chegaria até os painéis solares.
Um outro estudo também já havia
demonstrado que o "sombreamento" artificial da Terra pode desacelerar
ciclo global da água.
Mas as autoridades que proibiram
os primeiros experimentos de geoengenharia, assim como os próprios cientistas
que criticam essas propostas, baseiam-se sobretudo em que é virtualmente
impossível calcular todos os efeitos gerados por uma manipulação do clima em
escala planetária.
"Esses resultados dão às
pessoas uma coisa a mais para considerar antes de decidirem se nós realmente
queremos seguir por esse caminho," disse Kravitz. "Embora nosso
estudo não tenha tratado sobre os possíveis impactos psicológicos sobre essas
mudanças no céu, eles também devem ser considerados."
"Eu espero que nós nunca
cheguemos ao ponto em que as pessoas considerem a necessidade de aspergir
aerossóis no céu para combater o aquecimento global. Este é o tipo de estudo
que eu não gostaria de ver comprovado na prática por uma camada estratosférica
de aerossóis no mundo real," disse Ken Caldeira, coautor do estudo.
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