Geoengenharia pode desacelerar ciclo global da água
À medida que aumentam as emissões
causadas pela queima de combustíveis fósseis, a redução da luz solar que atinge
a Terra poderia de fato ter um efeito de resfriamento sobre as temperaturas na
superfície.
Projetos
de geoengenharia
Entretanto, um novo estudo feito
no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, liderado pelo
cientista Govindasamy Bala, mostra que essa manipulação intencional da radiação
solar também poderá levar a um ciclo global da água menos intenso. Diminuir as
temperaturas por meio da "geoengenharia" também poderá significar
menos chuvas.
A redução na luz solar pode ser
alcançada através de métodos de geoengenharia. Há duas classes desses métodos:
o projeto chamado "sombra solar, que poderia suavizar as alterações no
clima por meio da manipulação intencional da incidência da radiação solar sobre
a superfície da Terra; enquanto a outra categoria inclui a remoção do CO2
atmosférico e seu sequestro em vegetações terrestres, oceanos ou em formações
geológicas profundas.
Projeto
da sombra solar
No novo estudo de modelagem
climática, que foi disponibilizado online antes da publicação, no site da
Academia Nacional de Ciências, Bala e seus colegas Karl Taylor e Philip Duffy
demonstram que o projeto de geoengenharia de sombra solar pode desacelerar o
ciclo global da água.
O projeto de sombra solar inclui
a colocação de refletores no espaço, injetando sulfato ou outras partículas
reflexivas na estratosfera, ou melhorando a reflexibilidade das nuvens
injetando núcleos de condensação na troposfera. Quando o CO2 tiver dobrado,
como se prevê que acontecerá no futuro, uma redução de 2% na luz do Sol seria
suficiente para contrabalançar o aquecimento.
Sensibilidade
hidrológica
Esta nova pesquisa investigou a
sensibilidade da média global de precipitações chuvosas em relação ao efeito
estufa e aos fenômenos solares separadamente para tentar compreender o ciclo
global da água em um panorama de geoengenharia.
Enquanto a resposta da
temperatura na superfície da Terra é a mesma para o CO2 e para os fenômenos
solares, a resposta das chuvas pode ser muito diferente.
"Nós descobrimos que, embora
a sensibilidade possa ser a mesma para diferentes mecanismos de atuação, a
sensibilidade hidrológica é muito diferente," diz Bala.
Ciclo
global da água
A média global de chuvas aumenta
aproximadamente 4% em resposta à duplicação do CO2 e cai 6% pela redução da luz
solar, segundo a modelagem feita no estudo.
"Como o ciclo global da água
é mais sensível a alterações na radiação solar do que ao incremento no CO2, a
geoengenharia poderia levar a um declínio na intensidade do ciclo global da
água," diz Bala.
Experiências
naturais
Um estudo recente mostrou que
houve um decréscimo substancial na precipitação chuvosa sobre o solo e um
decréscimo recorde nas correntes e nas chuvas sobre os oceanos em consequência
da erupção do Monte Pinatubo, em 1991. As cinzas emitidas pelo Pinatubo
mascararam uma parte da luz do Sol que atingiria a Terra e fez decrescer
levemente as temperaturas, mas também diminuiu o ciclo hidrológico global.
"Qualquer pesquisa em
geoengenharia deveria explorar a resposta de diferentes componentes do sistema
climático a mecanismos de manipulação forçada," diz Bala.
Sombra
sobre outros problemas
Por exemplo, diz o pesquisador, a
geoengenharia da sombra solar não iria limitar a quantidade de emissões de CO2.
Os efeitos do CO2 sobre a química dos oceanos, especificamente, poderiam ter
consequências danosas para a vida marinha por causa da acidificação dos
oceanos, que não seria mitigada pelo projeto de geoengenharia.
"Embora os projetos de
geoengenharia mitigariam o aquecimento superficial, nós continuaríamos a ter
que lidar com as consequências das emissões de CO2 sobre a vida marinha, sobre
a agricultura e sobre o ciclo da água," conclui Bala.
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