Sustentabilidade das Cidades
Lidar com os problemas advindos
da urbanização, quando as cidades passaram a conviver com ocupações
inadequadas, como a poluição das águas, do ar e do solo, a carência de
saneamento e transporte, torna-se um desafio. O crescimento foi sempre apontado
como algo inquestionável e ilimitado, porém um exame mais aprofundado tem
revelado as contradições do desenvolvimento no tocante ao uso dos recursos de
um território e às desigualdades sociais.
Nesse quadro, a questão da
sustentabilidade se coloca como uma possibilidade decorrente da reflexão sobre
o ambiente, colocando-se como pauta nas conferências internacionais Neste
sentido, a questão ambiental passa ter uma outra dimensão, apontando caminhos
para o equilíbrio entre e o ambiente e o urbano.
Trata-se de um conceito em
construção e em disputa, sobre o qual ainda não há hegemonia estabelecida. São
muitos os sentidos em que se emprega a noção de desenvolvimento sustentável,
como observa Acselrad (2001) ao identificar as diversas matrizes discursivas a
ela associadas. Para tanto, Acselrad apresenta cinco matrizes discursivas: o da
eficiência; a utilização adequada dos recursos dos quais o mercado é um
instrumento de regulação: da escala que propugna um limite quantitativo ao
crescimento econômico e à pressão que ele exerce sobre os recursos ambientais;
da equidade com um olhar para as desigualdades sociais; da auto suficiência no
sentido de oportunizar condições para as comunidades ameaçadas; e a ética onde
se formula discursos apoiados na conduta humana.
Definido como “aquele que atende
às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações
futuras satisfazerem as suas necessidades”, o termo desenvolvimento sustentável
foi divulgado pelo documento “Nosso Futuro Comum” ou Relatório Brundtland, apresentado
em 1987 como resultado dos trabalhos da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento - CMMAD. Esta havia sido criada em 1983 com a participação de
representações de vários países.
O Relatório Brundtland teve forte
influência nas discussões da Conferência Internacional de Meio Ambiente e
Desenvolvimento, mais conhecida como Eco-92 ou Rio-92, que se realizou no Rio
de Janeiro em 1992, quando as nações presentes assumiram o compromisso de
internalizar, em suas políticas públicas, metas visando o desenvolvimento
sustentável. Foi esta Conferência que aprovou o documento denominado Agenda 21,
que estabelece ações e propostas a serem implementadas rumo a um novo padrão de
desenvolvimento para o século XXI. O conceito de desenvolvimento sustentável,
expresso na Agenda 21 Global, incorporou as preocupações ambientais, sociais,
culturais e econômicas. A partir da Rio-92, os países signatários assumiram a
responsabilidade de promover processos de construção das agendas nacionais e
locais.
Após a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio 92, o conceito de
sustentabilidade vem ganhando inúmeras dimensões. No Brasil, a Agenda 21
Brasileira lança a sustentabilidade ampliada, que “promove o encontro político
necessário entre a agenda estritamente ambiental e a agenda social, ao afirmar
que não se pode dissociar os fatores sociais dos ambientais, assim como destaca
a necessidade de enfrentar a degradação do meio ambiente simultaneamente com o
problema mundial da pobreza.”
A cidade sustentável requer a
“associação da noção de sustentabilidade com o debate sobre desenvolvimento das
cidades, que tem origem nas rearticulações políticas pelas quais um certo
número de atores envolvidos na produção do espaço urbano procura dar
legitimidadea suas perspectivas, evidenciando a compatibilidade das mesmas com
o propósito de dar durabilidade ao desenvolvimento.”
A expressão Cidades Sustentáveis
aparece, pela primeira vez, no Estatuto da Cidade, aprovado, Lei Federal
10.257, de 10/07/2001, sendo uma de suas diretrizes gerais a “garantia do
direito a cidades sustentáveis entendido como o direito à terra urbana, à
moradia, ao saneamento ambiental, à infra estrutura urbana, ao transporte e aos
serviços públicos, ao trabalho e ao lazer para as presentes e futuras gerações”
(art.2ºinciso1).
Vimos assistindo que o debate
sobre sustentabilidade não inclui a dinâmica da sociedade. Mas para se buscar a
sustentabilidade é fundamental contemplar a diversidade social, ou seja, trazer
as discussões para o campo das relações socias.
A preocupação com a Educação
Ambiental e com as questões ambientais como um todo surgiu em virtude das
mudanças nos padrões socioeconômicos da sociedade, especialmente, a partir do
advento da revolução industrial.
Nesse sentido, a educação
ambiental é vista como o meio de promover uma maior autonomia e uma maior
participação social - na tomada de decisão da gestão e da distribuição dos
recursos naturais - dos atores que a promovem, ou que dela participam, frente
às questões relacionadas ao meio ambiente. Esse princípio está presente no
PRONEA (Programa Nacional de Educação Ambiental) que defende que a educação
ambiental deve contribuir para o processo de gestão ambiental. Portanto, segundo
essa lógica, o desenvolvimento da Educação Ambiental proporciona aos indivíduos
compreenderem criticamente os problemas ambientais, a princípio, local,
regional e global, tornando os indivíduos mais aptos a tomadas de decisão na
busca de melhorias para uma melhor qualidade de vida dos seres vivos.
Podemos afirmar que a educação
ambiental é uma estratégia para o enfrentamento da crise civilizatória que
vivemos. Para finalizar, apontamos a educação ambiental como uma possibilidade
de construir uma coletividade responsável pelo mundo que vive.
Assim, pensar as cidades
sustentáveis requer um novo debate para compreender as possibilidades de
proporcionar-se um processo mais justo e ambientalmente saudável.
Fonte: Letícia Barroso Baptista
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