Como fazer uma compostagem doméstica
Vamos sugerir-lhe uma forma de
aumentar a fertilidade do solo do seu jardim, resolvendo parcialmente o
problema do lixo doméstico. Comece por colocar uma pilha de composto
(inicialmente lixo) num canto menos utilizado do jardim. Escolha um local
nivelado com aproximadamente 1 metro quadrado por cada caixa que queira fazer,
preferencialmente fora do alcance da luz solar direta e com uma fonte de água
próxima. Deve ainda ser um local protegido das vistas principais, por questões
estéticas, e perto de casa para que não seja penoso utilizá-lo diariamente.
Limpe o chão de folhas e de relva, pois vai aplicar a primeira camada diretamente
no chão que não pode ser impermeável (cimento, pedra, etc.).
Ao construir a “caixa” de
compostagem (biodigestor), com rede galinheira ou madeira, etc., esteja certo
que deixa bastante espaço aberto para que o ar alcance a pilha. Um lado da
“caixa” removível facilita o manuseamento da pilha com uma pá. O compostor para
uma família de três a cinco pessoas deve ter uma capacidade de cerca de um
metro cúbico: duas caixas com aquela dimensão cada, com a da figura, permitem
fazer a viragem de uma para a outra e manter o composto numa delas por uns dias
enquanto se começa a encher a outra.
Todos os resíduos orgânicos,
desde que não sejam tóxicos ou poluentes, podem ser transformados em composto.
Na prática, a maior parte dos resíduos orgânicos produzidos numa cozinha e num
jardim podem ser compostados, dividindo-se normalmente os materiais em dois
tipos: materiais com maior teor de azoto (materiais N) e materiais com maior
teor de carbono (materiais C).
Os materiais N, tipicamente os
restos produzidos na cozinha, são, por exemplo, as cascas e restos de batata e
frutas, os legumes e hortaliça, as borras e filtros usados de café, as folhas e
sacos de chá, o pão, o arroz e a massa, a casca de ovo esmagada, os restos de
comida cozinhada (tapar com terra) e cereais. Os materiais C são sobretudo os
produzidos nas limpezas do jardim, nomeadamente, aparas de relva e erva, folhas
secas, ramos pequenos provenientes de podas ou limpezas do jardim, cabendo
também nesta classificação feno e palha, aparas de madeira e serradura e
pequenas quantidades de cinzas de madeira .
Não se deve juntar nunca ao
material a compostar a carne, peixe e ossos, pois podem atrair animais
indesejáveis; os excrementos, pois podem conter microorganismos patogénicos
passíveis de sobreviver ao processo de compostagem e resíduos de jardim com
pesticidas, plantas com doenças e ervas daninhas com sementes, por razões óbvias.
A pilha que vai construir deverá
ter a maior diversidade possível de resíduos, numa proporção semelhante de
materiais C e materiais N. Deverão ser feitas camadas alternadas de um e de
outro tipo de material. É importante notar que além de materiais N e C, há
materiais mais grossos e mais finos, mais secos e mais úmidos, devendo todos
estes componentes estar presentes na pilha.
Comece a pilha com uma camada de
ramos partidos para facilitar o arejamento. Depois faça uma camada com 5 a 10
cm com materiais C, depois uma de igual espessura de materiais N e assim
sucessivamente. A camada do topo deverá ser de material C. Logo que os resíduos
orgânicos sejam colocados no recipiente de compostagem inicia-se o processo de
decomposição através da ação de bactérias e fungos, sem termos que fazer nada.
É um processo natural que se desenvolve por si. No entanto, para que corra bem
e sem maus cheiros, é necessário que haja oxigênio suficiente, uma certa
temperatura e que a umidade esteja dentro de certos limites.
A pilha deve ser virada de 15 em
15 dias, para que, dependendo das condições climáticas, o composto fique pronto
em 3 ou 4 meses. Se virar a pilha raramente, o composto fica pronto num período
de 6 meses a um ano.Quando se vira a pilha deve-se ter o cuidado de inverter as
camadas (a inferior passa para cima e vice-versa). A pilha não deve estar
exposta a ventos frios, demasiada chuva ou demasiado calor. O composto está
pronto quando não se degrada mais mesmo sendo revirado, tem um aspecto
relativamente homogêneo e granuloso onde os componentes originais não são
reconhecíveis, tem cor escura e cheiro a terra rica em matéria orgânica.
Há coisas que podem correr mal
durante o processo de compostagem, mas que são normalmente passíveis de correção.
Quando o processo é lento, é possível que existam demasiados materiais C, sendo
necessário adicionar materiais com maior teor de azoto e revirar a pilha.
O cheiro a podre pode ter origem
em excesso de umidade (o composto não deve estar a escorrer água nem alagado).
Neste caso revire a pilha e adicione materiais secos e porosos como folhas
secas, serradura, aparas de madeira ou palha. Outra causa possível para o
cheiro a podre é o excesso de compactação; deve, neste caso, revirar a pilha ou
diminuir o seu tamanho.
O cheiro a amónia, tem
normalmente origem em excesso de materiais N. Deve neste caso adicionar
materiais C.
A temperatura muito baixa, pode
ter diversas causas:
- Pilha pequena demais: aumente o tamanho da pilha ou isole-a
lateralmente.
- Umidade insuficiente: adicione água quando revirar ou cubra a
parte superior da pilha ( o composto deve ter cerca de 50% de umidade).
- Arejamento insuficiente: revire a pilha. Certifique-se que o
recipiente tem aberturas laterais e que a primeira camada permita a passagem de
ar.
- Falta de materiais N (azoto): adicione este tipo de materiais.
- Clima frio: aumente o tamanho da pilha ou isole-a com um material
que deixe passar o ar.
Quando a temperatura é muito
elevada, ou a pilha é grande demais ou o arejamento é insuficiente. Há que
diminuir o tamanho da pilha e revirá-la com maior frequência.
Por último, a presença de pragas:
pode ser devida à presença de restos de carne ou de restos de comida com
gordura. Deve retirar este tipo de alimentos e cobrir a pilha com uma camada de
solo ou folhas. Pode em alternativa usar um compostor que não permita a entrada
às pragas.
Depois de pronto, o composto deve
repousar entre duas a quatro semanas antes de ser aplicado. Depois desta fase
de maturação, pode ser aplicado em relvados, jardins, quintais, à volta das
árvores ou mesmo para envasar plantas (neste caso deve juntar 1/3 de composto,
1/3 de areia e 1/3 de terra).
O composto é geralmente aplicado
uma vez por ano, na Primavera ou no Outono. Deve ser espalhado por cima da
terra ou colocado numa camada com 2 ou 3 cm, misturado com aquela, mas nunca
deve ser enterrado.
Fonte: www.ciaecologica.com
Comentários
Postar um comentário