Mais pragas já resistem a plantas com gene transgênico
Mais espécies de pragas têm se
tornado resistentes aos tipos mais populares de cultivos transgênicos que
repelem insetos, exceto em regiões onde os fazendeiros seguem os conselhos dos
especialistas.
Um estudo publicado na edição da
revista “Nature Biotechnology” desta semana aborda um aspecto importante dos
chamados milho e algodão Bt – plantas que carregam um gene cuja finalidade é
exalarem uma bactéria denominada Bacillus thuringiensis, tóxica para os
insetos.
Cientistas franceses e americanos
analisaram as descobertas de 77 estudos realizados em oito países de cinco
continentes, a partir de dados de monitoramentos de campo.
Das 13 principais espécies de
pragas examinadas, cinco eram resistentes em 2011, em comparação com apenas uma
em 2005, afirmaram. O marco de referência foi uma resistência em mais de 50%
dos insetos em uma área determinada. Das cinco espécies, três eram pragas de
algodão e duas, de milho.
Três dos cinco casos de
resistência foram registrados nos Estados Unidos, que respondem por menos da
metade dos cultivos de Bt, enquanto os outros foram encontrados em África do
Sul e Índia.
Sinais de
alerta
Os autores disseram ter
descoberto um caso de resistência precoce, em menos de 50% dos insetos, em
outra praga de algodão americana. E houve “sinais de alerta” precoces (1% de
resistência ou menos) em outras quatro pragas de algodão e milho em China,
Estados Unidos e Filipinas. Os cientistas encontraram grandes diferenças na
velocidade com que se desenvolveu a resistência Bt.
Em um caso, levou dois anos para
os primeiros sinais aparecerem. Em outros, os cultivos Bt permaneceram tão
eficientes em 2011 como eram 15 anos atrás. O que fez a diferença foi que os
fazendeiros separaram “refúgios” suficientes de cultivos não Bt, afirmaram os
autores do estudo.
A ideia por trás deste refúgio
vem da biologia evolutiva. Os genes que conferem resistência são recessivos, o
que significa que os insetos podem sobreviver em plantas Bt só se tiverem duas cópias
de um gene resistente, uma de cada progenitor.
Possível
solução
Plantar refúgios perto de
cultivos Bt reduz as chances de dois insetos resistentes copularem e passarem o
duplo gene para seus descendentes. “Modelos de computador mostraram que os refúgios
devem ser bons para retardar a resistência”, afirmou o coautor do estudo Yves
Carriere, entomologista da Universidade do Arizona, em Tucson, em um
comunicado.
A evidência prática disto é
demonstrada no caso de uma praga do algodoeiro denominada lagarta rosada
(Pectinophora gossypiella), explicou seu colega, Bruce Tabashnik. Os cultivos
Bt no sudoeste dos Estados Unidos, onde os fazendeiros trabalham com cientistas
para projetar uma estratégia de refúgio, não têm problema de resistência.
Na Índia, no entanto, as lagartas
rosadas se tornaram resistentes no prazo de seis anos, simplesmente porque os
fazendeiros não seguem as diretrizes ou obtêm aconselhamento. Os cientistas
alertam que a resistência a cultivos Bt é mera questão de tempo, pois todas as
pragas acabam, eventualmente, se adaptando à ameaça que enfrentam. Mas os
refúgios foram feitos para retardá-la.
Só em 2011, 66 milhões de
hectares de terra foram cultivadas com plantios Bt. Naquele ano, o milho Bt
respondeu por 67% do milho plantado nos Estados Unidos e o algodão Bt entre 79%
e 95% do algodão cultivado em Estados Unidos, Austrália, China e Índia.
Os plantios transgênicos
encontram oposição na Europa e em outras partes do mundo, onde ambientalistas
afirmam que são uma ameaça potencial à saúde humana e ao meio ambiente.
Fonte: www.ambientebrasil.com.br
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