Avaliação da Qualidade da Água
I -
Parâmetros Físicos e Químicos
1.Variáveis Climatológicas
Os aspectos climatológicos de uma
região influenciam diretamente o corpo d’água, provocando sensíveis alterações
no seu metabolismo. Num período de maior precipitação pode ocorrer um aumento
na turbidez em função do grande aporte de material que é carreado pelas chuvas
para o corpo d’água em questão. O vento por sua vez pode provocar uma mistura
na água, ocasionando uma ressuspensão de nutrientes das partes mais profundas.
As variáveis climatológicas podem ser obtidas através de aparelhos como o
pluviômetro (precipitação), termômetro, anemômetro (vento) e luxímetro ou
actinógrafo (radiação solar). Uma solução prática na falta deste material é a
obtenção dos dados numa estação climatológica próxima ao local de estudo.
2.Variáveis Hidrológicas
Radiação Solar Subaquática - Da radiação que atinge a superfície da
água, parte penetra e parte é refletida, voltando para a atmosfera. A
quantidade de radiação refletida depende das condições da superfície da água
(plana ou ondulada) e principalmente do ângulo de incidência da radiação sobre
esta. Ao penetrar na coluna d’água, a radiação é submetida a profundas
alterações, tanto na sua intensidade quanto na sua qualidade espectral. Estas
alterações dependem de vários fatores: quantidade de material dissolvido e quantidade
de material em suspensão. A primeira alteração sofrida é a mudança de direção
devido à refração provocada pela redução da velocidade ao penetrar no meio
líquido. Em seguida, parte da radiação é absorvida e transformada em outras
formas de energia, por exemplo, química pela fotossíntese e calorífica pelo
aquecimento da água. Outra parte da radiação sofre dispersão devido ao
"choque" com partículas suspensas ou dissolvidas na água. Assim, a
absorção e a dispersão são os dois fatores principais, responsáveis pela
atenuação da radiação com a profundidade nos ecossistemas aquáticos. A
determinação da radiação solar (na superfície e subaquática) pode ser feita
através de um aparelho denominado "Quanta-Meter".
Zona Eufótica e Transparência da Água - A transparência da coluna
d’água pode variar desde alguns centímetros até dezenas de metros. Essa região
da coluna d’água é denominada zona eufótica e sua extensão depende,
principalmente, da capacidade do meio em atenuar a radiação subaquática. O
limite inferior da zona eufótica é geralmente assumido como sendo aquela
profundidade onde a intensidade da radiação corresponde a 1% da que atinge a
superfície. Do ponto de vista óptico, a transparência da água pode ser
considerada o oposto da turbidez. Sua avaliação de maneira mais simples é feita
através de um disco branco de 20 a 30 cm de diâmetro, denominado disco de
Secchi. A medida é obtida mergulhando-se o disco branco no lado da sombra do
barco, através de uma corda marcada. A profundidade de desaparecimento do disco
de Secchi corresponde àquela profundidade na qual a radiação refletida do disco
não é mais sensível ao olho humano. A profundidade obtida em metros é
denominada transparência de disco de Secchi.
Temperatura da Água - Nos ecossistemas aquáticos continentais, a
quase totalidade da propagação do calor ocorre por transporte de massa d’água,
sendo a eficiência deste em função da ausência ou presença de camadas de
diferentes densidades. Em lagos que apresentam temperaturas uniformes em toda a
coluna, a propagação do calor através de toda a massa líquida pode ocorrer de
maneira bastante eficiente, uma vez que a densidade da água nessas condições é
praticamente igual em todas as profundidades, sendo o vento o agente fornecedor
da energia indispensável para a mistura das massas d’água. Por outro lado,
quando as diferenças de temperatura geram camadas d’água com diferentes
densidades, que em si já formam uma barreira física, impedindo que se misturem,
e se a energia do vento não for suficiente para misturá-las, o calor não se
distribui uniformemente, criando a condição de estabilidade térmica. Quando
ocorre este fenômeno, o ecossistema aquático está estratificado termicamente.
Os estratos formados frequentemente estão diferenciados física, química e
biologicamente.
Para as medidas de temperatura,
podem ser utilizados termômetros simples de mercúrio ou aparelhos mais
sofisticados como o "Termistor", que pode registrar diretamente a
temperatura das várias profundidades na coluna d’água. Estas medidas devem ser
realizadas no próprio local de coleta.
3. Oxigênio dissolvido
A determinação do oxigênio
dissolvido é de fundamental importância para avaliar as condições naturais da
água e detectar impactos ambientais como eutrofização e poluição orgânica.
Do ponto de vista ecológico, o
oxigênio dissolvido é uma variável extremamente importante, pois é necessário
para a respiração da maioria dos organismos que habitam o meio aquático.
Geralmente o oxigênio dissolvido se reduz ou desaparece, quando a água recebe
grandes quantidades de substâncias orgânicas biodegradáveis encontradas, por
exemplo, no esgoto doméstico, em certos resíduos industriais, no vinhoto, e
outros. Os resíduos orgânicos despejados nos corpos d’água são decompostos por
microorganismos que se utilizam do oxigênio na respiração. Assim, quanto maior
a carga de matéria orgânica, maior o número de microorganismos decompositores
e, consequentemente, maior o consumo de oxigênio. A morte de peixes em rios
poluídos se deve, portanto, à ausência de oxigênio e não à presença de
substâncias tóxicas.
A determinação do oxigênio
dissolvido na água pode ser feita através do método "Winkler" ou
eletrométrico.
4. PH e alcalinidade
O termo pH (potencial
hidrogeniônico) é usado universalmente para expressar o grau de acidez ou
basicidade de uma solução, ou seja, é o modo de expressar a concentração de
íons de hidrogênio nessa solução. A escala de pH é constituída de uma série de
números variando de 0 a 14, os quais denotam vários graus de acidez ou alcalinidade.
Valores abaixo de 7 e próximos de zero indicam aumento de acidez, enquanto
valores de 7 a 14 indicam aumento da basicidade.
As medidas de pH são de extrema
utilidade, pois fornecem inúmeras informações a respeito da qualidade da água.
As águas superficiais possuem um pH entre 4 e 9. As vezes são ligeiramente
alcalinas devido à presença de carbonatos e bicarbonatos. Naturalmente, nesses
casos, o pH reflete o tipo de solo por onde a água percorre. Em lagoas com
grande população de algas, nos dias ensolarados, o pH pode subir muito,
chegando a 9 ou até mais. Isso porque as algas, ao realizarem fotossíntese,
retiram muito gás carbônico, que é a principal fonte natural de acidez da água.
Geralmente um pH muito ácido ou muito alcalino está associado à presença de
despejos industriais. A determinação do pH é feita através do método
eletrométrico, utilizando-se para isso um peagâmetro digital.
A alcalinidade representa a
capacidade que um sistema aquoso tem de neutralizar (tamponar) ácidos a ele
adicionados. Esta capacidade depende de alguns compostos, principalmente
bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos. A alcalinidade é determinada através da
titulação.
5. Condutividade Elétrica
A condutividade elétrica é a
capacidade que a água possui de conduzir corrente elétrica. Este parâmetro está
relacionado com a presença de íons dissolvidos na água, que são partículas
carregadas eletricamente. Quanto maior for a quantidade de íons dissolvidos,
maior será a condutividade elétrica da água. Em águas continentais, os íons
diretamente responsáveis pelos valores da condutividade são, entre outros, o
cálcio, o magnésio, o potássio, o sódio, carbonatos, carbonetos, sulfatos e
cloretos. O parâmetro condutividade elétrica não determina, especificamente,
quais os íons que estão presentes em determinada amostra de água, mas pode
contribuir para possíveis reconhecimentos de impactos ambientais que ocorram na
bacia de drenagem ocasionados por lançamentos de resíduos industriais,
mineração, esgotos, etc.
A condutividade elétrica da água
pode variar de acordo com a temperatura e a concentração total de substâncias
ionizadas dissolvidas. Em águas cujos valores de pH se localizam nas faixas
extremas (pH>9 ou pH< 5), os valores de condutividade são devidos apenas
às altas concentrações de poucos íons em solução, dentre os quais os mais frequentes
são o H+ e o OH-.
A determinação da condutividade
pode ser feita através do método eletrométrico, utilizando-se para isso um
condutivímetro digital.
6. Demanda Biológica do Oxigênio (DBO) e
Demanda Química do Oxigênio (DQO)
A expressão Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO), utilizada para exprimir o valor da poluição produzida por
matéria orgânica oxidável biologicamente, corresponde à quantidade de oxigênio
que é consumida pelos microorganismos do esgoto ou águas poluídas, na oxidação
biológica, quando mantida a uma dada temperatura por um espaço de tempo
convencionado. Essa demanda pode ser suficientemente grande, para consumir todo
o oxigênio dissolvido da água, o que condiciona a morte de todos os organismos
aeróbios de respiração subaquática.
O teste de Demanda Química de
Oxigênio (DQO) baseia-se no fato de que todos os compostos orgânicos, com
poucas exceções, podem ser oxidados pela ação de um agente oxidante forte em
meio ácido. Uma das limitações entretanto é o fato de que o teste não
diferencia matéria orgânica biodegradável e matéria orgânica não biodegradável,
a primeira determinada pelo teste de DBO. A vantagem é o tempo de teste,
realizado em poucas horas, enquanto o teste de DBO requer no mínimo 5 dias
(período de incubação).
7. Material em Suspensão
Como o próprio nome já diz, o
material em suspensão é o material particulado não dissolvido, encontrado
suspenso no corpo d’água, composto por substâncias inorgânicas e orgânicas,
incluindo-se aí os organismos planctônicos (fito e zooplâncton). Sua principal
influência é na diminuição na transparência da água, impedindo a penetração da
luz.
Os valores para o material em
suspensão podem ser obtidos através da filtragem da água com a utilização de
filtros especiais e posterior análise espectrofotométrica.
8. Compostos de Nitrogênio e Fósforo
As águas naturais, em geral,
contém nitratos em solução e, além disso, principalmente tratando-se de águas
que recebem esgotos, podem conter quantidades variáveis de compostos mais
complexos, ou menos oxidados, tais como: compostos orgânicos quaternários,
amônia e nitritos. Em geral, a presença destes denuncia a existência de
poluição recente, uma vez que essas substâncias são oxidadas rapidamente na
água, graças principalmente à presença de bactérias nitrificantes. Por essa
razão, constituem um importante índice da presença de despejos orgânicos
recentes.
Os compostos de fósforo são um
dos mais importantes fatores limitantes à vida dos organismos aquáticos e a sua
economia, em uma massa d’água, é de importância fundamental no controle
ecológico das algas. Despejos orgânicos, especialmente esgotos domésticos, bem
como alguns tipos de despejos industriais, podem enriquecer as águas com esse
elemento.
II -
Parâmetros Biológicos
1. Coliformes
O rio é habitado, normalmente,
por muitos tipos de bactérias, assim como por várias espécies de algas e de
peixes. Essas bactérias são importantíssimas porque, alimentando-se de matérias
orgânicas, são elas que consomem toda a carga poluidora que lhe é lançada,
sendo assim as principais responsáveis pela auto depuração, ou seja, limpeza do
rio.
Porém, quando o rio recebe
esgotos, ele passa a conter outros tipos de bactérias que não são da água e que
podem ou não causar doenças às pessoas que beberem dessa água. Um grupo
importante, dentre elas, é o grupo das bactérias coliformes.
Bactérias coliformes não causam
doenças. Elas, ao contrário, vivem no interior do intestino de todos nós,
auxiliando a nossa digestão. É claro que nossas fezes contém um número astronômico
dessas bactérias: cerca de 200 bilhões de coliformes são eliminados por cada um
de nós, todos os dias. Isso tem uma grande importância para a avaliação da
qualidade da água dos rios: suas águas recebem esgotos, fatalmente receberão
coliformes.
A presença das bactérias
coliformes na água de um rio significa, pois, que esse rio recebeu matérias
fecais, ou esgotos. Por outro lado, são as fezes das pessoas doentes que
transportam, para as águas ou para o solo, os micróbios causadores de doenças.
Assim, se a água recebe fezes, ela pode muito bem estar recebendo micróbios
patogênicos. Por isso, a presença de coliformes na água indica a presença de
fezes e, portanto, a possível presença de seres patogênicos.
2. Comunidade planctônica
O conjunto de alterações que
ocorrem num reservatório, ao longo de uma escala temporal variada, desencadeiam
diferentes respostas por parte da comunidade planctônica, que podem ser
utilizadas como parâmetros em estudos limnológicos. A utilização da comunidade
fitoplanctônica como bioindicadora de um ecossistema aquático se fundamenta na
avaliação da base de uma cadeia alimentar, na qual os efeitos oriundos das
alterações ambientais serão refletidos em todos os seus componentes e, consequentemente,
no bioma como um todo. Mudanças na dinâmica da comunidade fitoplanctônica são
reflexos das alterações físicas, químicas e/ou biológicas que ocorrem num corpo
d’água.
Principais
Doenças Relacionadas com a Água
Por ingestão de água contaminada:
•Cólera;
•Disenteria amebiana;
•Disenteria bacilar;
•Febre tifóide e paratifóide;
•Gastroenterite;
•Giardise;
•Hepatite infecciosa;
•Leptospirose;
•Paralisia infantil;
•Salmonelose.
Por contato com água contaminada:
•Escabiose (doença parasitária
cutânea conhecida como Sarna);
•Tracoma (mais frequente nas
zonas rurais);
•Verminoses, tendo a água como um
estágio do ciclo;
•Esquistossomose.
Por meio de insetos que se desenvolvem na água:
•Dengue;
•Febre Amarela;
•Filariose;
•Malária;
Cólera, febre tifóide e
paratifóide são as doenças mais frequentemente ocasionadas por águas
contaminadas e penetram no organismo via cutâneo mucosa como é o caso de via
oral.
Fonte: www.ambientebrasil.com.br
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