Sofrimento do Rio São Francisco
Sede na estiagem. Disso padece,
especialmente, o maior rio brasileiro inteiramente nacional: o São Francisco. A
bacia do São Francisco é enorme. Supera o tamanho da maioria dos países
europeus. Ocupa toda uma área onde vivem cerca de 15 milhões de pessoas.
Baixo,
Médio e o Alto São Francisco
Quando se entrega ao Atlântico,
na divisa com Alagoas com Sergipe, o rio até parece um mar chegando a outro
mar. Embrenhando no seu leito, 2.863 mil km, que atravessa cinco estados, se
chega ao berço do São Francisco, na Serra da Canastra, em Minas Gerais. No
Parque Nacional da Canastra, o local nascente do rio é bastante visitada.
A pouco mais de 20 km de onde
nasce, o rio começa a dar espetáculo se esparramando pela escadaria de pedra
formando uma torrente de cascata. Depois de formar uma piscina natural, o rio
forma sua primeira cachoeira, a Casca d'Anta, com quase 200 metros de altura.
O geólogo Edézio Teixeira de
Carvalho dá uma hipótese, já que a geologia não é uma ciência exata, de como
teria se formado o rio São Francisco. Segundo ele, o ‘escultor’ é o processo
geológico que se formou há milhões de anos atrás, quando a África e as Américas
ainda eram parte da imensa massa de terra chamada Gondwana.
O rio também é emissário de
esgoto e o impacto começa logo no leito do rio, que recebe o chorume do
município de São José do Barreiro. São dejetos de cerca de 500 pessoas. O
tratamento do esgoto na região é recente. Ao longo do seu curso, o rio vai
receber esgoto in natura de mais de 10 milhões de pessoas.
Causas do
empobrecimento do Rio São Francisco
Capacidade do Rio São Francisco
gerar energia diminui 40% em 14 anos. A degradação é sua pior inimiga.
O São Francisco está
empobrecendo. Não produz mais peixe, nem irriga, nem produz eletricidade como
antes. A capacidade de geração de energia, por exemplo, caiu quase 40% desde
2002. Já disseram que o São Francisco é um presente de Minas para o Nordeste
brasileiro, mas hoje, fica até difícil apontar a principal entre tantas causas
da degradação do rio.
O São Francisco já foi sinônimo
de peixe. Para ver como está a situação agora, pesquisadores ligados à UFMG
mergulharam em suas águas de ponta a ponta. Do Alto São Francisco, registraram
a ocorrência de bagres, lambaris, tamaranas, traíras, piaus, cascudos, sendo de
corimbas os cardumes mais frequentes. Na criteriosa investigação, no entanto,
não lograram encontrar espécies que antes povoavam também uma parte do rio,
como contam os pescadores antigos.
O São Francisco desce das
nascentes da Canastra trazendo as marcas do garimpo de diamantes, das voçorocas
e da poluição dos esgotos. Depois da serra, ele pega uma longa planície e na
altura do município de Lagoa da Prata, ele sofre uma verdadeira amputação.
Depois das turbulências da
descida, o rio se dava remanso, um momento para acalmar as águas. Serpenteava
por sete curvas, porém no início dos anos 80, seu curso foi retificado com a
abertura de um canal. Um percurso de 7,5 quilômetros foi encurtado para 350
metros e as consequências disso é a formação de corredeiras, que cortam como
lâmina a planície e ‘comem’ dezenas de metros das margens.
Vários crimes foram cometidos
nessas décadas, o rio não dava voltas à toa, tinha a função ecológica
fundamental de alimentar uma grande quantidade de lagoas marginais.
É na lagoa marginal que o alevino
tem chance de escapar dos predadores e se desenvolver para, na cheia, passar a
viver no rio. As lagoas foram drenadas, trechos da borda bem na margem do rio
foram arrebentados, comportas foram instaladas e no assoalho delas, valos foram
abertos para um contínuo esvaziamento, já que esses fundos são coalhados de
olhos d'água. Nascentes agora são impactadas pelo pisoteio do gado.
Em nota:
O São Francisco é o maior rio brasileiro inteiramente nacional. A bacia
supera o tamanho da maioria dos países europeus. Outro impacto foi o garimpo,
que só terminou por volta do ano 2000. Por causa da degradação, o rio não
produz peixe, nem irriga como antes.
Fonte: G1 - Nélson Araújo
O delta do S. Francisco, fonte importante para o turismo, nao se restringe à aquela área. Passando por Pirapora-MG, ele segue. Nesta região existem bastante áreas de lazer. Mas o que se precisa é uma enérgica luta pela preservação do quinto maior do Brasil, em toda sua extenção. Nao só do turismo, mas os moradores,os ribeirinhos vivem da pesca. E o que se encontra é uma devastação principalmente de seus afluentes, assoreados, desde a Serra da Canastra onde nasce. Havia navegação desde Pirapora ate o estado da Bahia, hoje poucos trechos se permite.Moribundo pede socorro.
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