Mudanças climáticas na América do Sul afetam alimentação mundial
As secas e o aumento da
temperatura provocados pelas mudanças climáticas na América do Sul, considerada
o celeiro do mundo, afetarão a segurança alimentar do mundo todo, alertou a FAO
nesta quarta-feira dia 7 de Maio de 2014.
“Não é um tema do futuro, mas do
presente, e os impactos são muito maiores do que pensávamos”, disse a
jornalistas estrangeiros José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, que abre
nesta quarta-feira sua 33ª reunião regional em Santiago.
As repetidas secas, como a que
castiga atualmente o sul do Brasil, já é um sinal de que as mudanças climáticas
não são coisa do futuro.
“A América do Sul se tornou o
celeiro do mundo. O impacto na América do Sul afeta a segurança alimentar do
planeta. E já estamos vendo isso”, destacou o diretor da Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e a Alimentação.
Como as mudanças climáticas vão
afetar a economia? Principalmente, reintroduzindo a incerteza, advertiu.
“Tinha-se a ideia de que o mundo
tinha se transformado em um grande supermercado, que a gente podia comprar o
que quisesse, quando quisesse (…) Tínhamos alcançado uma situação de pleno
abastecimento. Agora, as mudanças climáticas reintroduzem o tema de que não
sabemos o que vai acontecer”, resumiu Graziano.
A incerteza afetará todo o
comércio, determinará a volatilidade dos preços internacionais das
‘commodities’ e a quase obrigação dos países em assegurar o abastecimento
interno, com políticas que já tinham sido abandonadas como ter estoques de
emergência, explicou.
Transgênicos
como solução
Até agora, o mundo está se
alimentando sem transgênicos, alimentos geneticamente modificados para resistir
a secas ou potencializar seu crescimento ou aparência.
São uma novidade, e à exceção do
milho e da soja, não são relevantes, segundo Graziano, que insistiu em separar
a polêmica política dos avanços científicos que podem ajudar a combater as
mudanças climáticas.
“Transgênicos não são apenas
sementes da Monsanto (multinacional de sementes transgênicas). Essa confusão
acaba com o assunto, o transforma em um tema político, o do monopólio das
sementes, que é outra coisa”, insistiu, taxativo.
Os transgênicos não atingem
apenas a agricultura: há alguns exemplos de aplicação da tecnologia da
transgenia em mosquitos, que ajuda a combater a dengue, ou em plantas de tabaco
que geram insulina para os humanos.
Para Graziano, o importante é
continuar pesquisando e guardar todos os avanços que possam servir no futuro.
“É como a energia atômica, está
aí, guardada. Tem seus riscos e é preciso ter todo o sistema de proteção para
isto. A FAO investe muito no tema da biossegurança com transgênicos e em dar ao
consumidor o direito de escolha: que fique claro na rotulagem se o produto tem
ou não transgênicos”, explicou.
Para conseguir que os 47 milhões
de latino-americanos (7,9% da população) que passam fome atualmente consigam
superá-la, o diretor da FAO não abre mão de nada.
“Não descarto nenhuma arma contra
a fome. É uma luta sem trégua e sem quartel. Podemos erradicar a fome, temos
que utilizar todos os esforços, e se os transgênicos são uma possibilidade no
futuro, não temos que descartá-los agora”, afirmou.
No entanto, na região do planeta
que mais alimentos produz, a fome hoje não é um problema de produção, mas de
acesso, devido à baixa renda e à falta de recursos como terra ou água,
concluiu.
Fonte: www.noticias.uol.com.br
“Não é um tema do futuro, mas do presente, e os impactos são muito maiores do que pensávamos”, disse a jornalistas estrangeiros José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, que abre nesta quarta-feira sua 33ª reunião regional em Santiago."
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