Dióxido de carbono nossa salvação de uma futura Era do Gelo


Reverso da medalha
As emissões humanas de carbono de origem fóssil inauguraram uma era que os cientistas batizaram do Antropoceno, marcada pela forte influência do homem no meio ambiente.
Especificamente as emissões de dióxido de carbono (CO2) são consideradas elementos importantes no aumento da temperatura média do planeta.
Mas esse mesmo CO2 que agora ameaça o homem poderá ser a nossa salvação na próxima era do gelo.
É o que garante o professor Lars Franzén e seus colegas da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
"Nós estamos provavelmente entrando em uma era do gelo exatamente agora. Entretanto, nós não estamos notando isso devido aos efeitos do dióxido de carbono," propõe ele.
Eras do gelo
Ao longo dos últimos três milhões de anos, a Terra experimentou pelo menos 30 eras do gelo. Os períodos entre as diversas eras do gelo são conhecidos como interglaciais.
Os pesquisadores acreditam que a chamada Pequena Era do Gelo, que ocorreu entre os séculos 16 e 18, pode ter sido interrompida pela atividade humana.
O aumento da derrubada de florestas e o aumento das áreas de cultivo agrícolas, combinados com os primeiros estágios da industrialização, resultaram em um aumento das emissões de dióxido de carbono que provavelmente abrandou, ou mesmo inverteu, a tendência de esfriamento.
"É certamente possível que as várias atividades da humanidade contribuíram para estender o intervalo entre as eras de gelo ao manter os níveis de dióxido de carbono altos o suficiente," explica o professor de Geografia Física. "Sem o impacto humano, a progressão inevitável para uma idade do gelo teria continuado."
Turfeiras
O pesquisador cita como elemento importante nessas modificações o aumento das turfeiras, que absorvem dióxido de carbono da atmosfera. Encontradas principalmente nas zonas temperadas, elas já cobrem cerca de 4% da área terrestre do planeta, e continuam crescendo.
Estudos indicam que cada metro quadrado de turfeira absorve cerca de 20 gramas de carbono por ano.
"Não havia emissões de carbono fóssil durante os interglaciais anteriores. O sequestro de carbono nas turfeiras pode então ser um das principais razões pelas quais as eras do gelo têm ocorrido uma após a outra," propõe o pesquisador.
"Se nós aceitamos que a elevação dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera leva a um aumento na temperatura global, a conclusão lógica deve ser que níveis reduzidos de CO2 levam a uma queda na temperatura," esclarece ele.
Medindo o crescimento das turfeiras, o pesquisador concluiu que as preocupações com o aquecimento global logo poderão ser substituídas por uma preocupação com o resfriamento global.
"Nossos cálculos mostram que as turfeiras podem contribuir para o arrefecimento global com o equivalente a cinco watts por metro quadrado. Há uma grande quantidade de provas que sugerem que estamos perto do fim do período interglacial atual," concluiu ele. 

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